Quando era criança acreditava que todo surdo era mudo, pois se não ouvia como poderia falar?Além de ser o que os adultos nos diziam e a forma como as pessoas surdas eram denominadas: surdo mudo. Com o decorrer da minha vida,conhecendo tantas pessoas e observando outras tantas,fui percebendo que era uma inverdade , a expressão surdo- mudo.A mude é uma outra deficiência,não tem relação direta com a surdez.O que penso agora é que o surdo não fala porque não conhece o som das palavras,das letras,das sílabas, talvez.Pois aprendemos a falar , a nos comunicarmos oralmente através daquilo que ouvimos.O surdo tem uma perda de audição que pode ser parcial ou até total,mas consegue produzir sons, ri, chora,etc.Na medicina a pessoa que tem essa perda auditiva é chamada de deficiente auditivo,mas não são necessariamente surdos.O surdo é aquele que se percebe como tal, que tem uma identificação como surdo e busca comunicar-se utilizando a língua de sinais , LIBRAS no Brasil, para aprender,interagir , contribuir, modificar o mundo.
Conheci há pouco, um menino de oito anos, filho de um aluno da capoeira. O menino também pratica a capoeira, o que para mim não é nenhuma surpresa, pois em nossos eventos já vi cegos, cadeirantes e também pessoas com diferentes necessidades especiais jogando capoeira, dentro das suas condições.No caso dos surdos gingavam no ritmo da música, pela vibração dos instrumentos e no chão de madeira pela vibração no chão.
O menino que falo, me foi apresentado pelo pai , no momento ficou bastante retraído e me cumprimentou timidamente.Não sei quem estava mais perdido , pois eu
também, pega de surpresa , não soube nem tentar me comunicar com ele de forma “natural” ,queria um abraço mas não sabia pedir.O pai que se comunica com ele em LIBRAS , pediu mas não teve efeito.Depois disso tivemos aula com a professora Carolina e aprendi alguns sinais que ela passou na aula, e que foram suficientes para mudar todo meu relacionamento com meu novo amiguinho.Quando encontrei com ele nesse domingo, perguntei onde estava o pai dele , usando os Inal do “bigode” e fazendo um “cadê” com as mãos.Da resposta eu só entendi que o pai estava por perto, mas foi muito gratificante.Já estava fazendo outra atividade quando ele me cutucou no ombro,quando virei ele me abraçou tão efusivamente,nossa!!!Pode parecer uma bobagem, mas vi o quanto foi importante para esse menino sentir-se participante naquele mundo da capoeira, onde só quem o entendia na verdade era o pai. E respondendo a pergunta seguinte desse trabalho, não conheço LIBRAS , tenho muita vontade de aprender , mas acho que requer muita prática e um convívio maior com surdos , para aprimorar a compreensão dos sinais interligados.Digo isso porquê me pareceu , ao ver a professora com sua intérprete que é necessário muita atenção para acompanhar os sinais,requer habilidades como aprender a falar em outra língua.Então num primeiro momento tentaria me comunicar com qualquer sinal que pudesse me fazer compreender e vice-versa, ou pela escrita.E o principal aspecto da cultura surda, no meu ponto de vista , é realmente a LIBRAS , que facilita a comunicação, a integração e a participação dos surdos.Pelo menos , nós educadores todos , deveríamos ter um curso de LIBRAS , ou um mínimo de conhecimento nessa língua.
domingo, 4 de outubro de 2009
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2 comentários:
Simone que bacana! Como é bom mudar, aprender, conhecer... e assim, fazer melhor! De certa forma, você conseguiu fazer a inclusão desta criança, num local onde era completamente ignorado. Continue trazendo seus relatos... Abraços querida
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