domingo, 28 de outubro de 2007

teatro para a escola

RELATO
Propus as atividades em caráter de brincadeira, usei o termo jogo teatral.Convidei-os a fazer algumas atividades que se usa no teatro, mas que também poderíamos fazer, porém sem o compromisso de apresentar uma peça.Ele ficaram bastante animados e curiosos.Aceitaram logo a proposta e foi preciso solicitar atenção e calma, uma das combinações foi que a cada vez que eu dissesse “um minuto” parariam tudo e prestariam atenção em mim.Não funcionou muito no começo, mas depois foram conseguindo melhorar a disciplina. “São as exigências da própria forma de arte que devem nos apontar os caminhos”.
Assim fui escolhendo os exercícios, de acordo com os objetivos que queria para aquele momento.Não como um sistema delimitado e estanque, mas primeiramente para atender as necessidades do trabalho a ser realizado.Conforme foram se apresentando os resultados, fomos colocando outras propostas.Principalmente nos exercícios de improvisação, onde as soluções foram aparecendo de forma intuitiva e muito criativa.
Foi bem nítido o desenvolvimento da concentração através dos exercícios, sem se aperceberem os alunos vão se envolvendo com a situação, as formas como podem resolvê-la e sua inter-relação com os colegas.
Uma das maiores dificuldades foi ter que atender ao mesmo tempo, crianças de variadas faixas etárias (7 aos 14 anos).Alguns mais tímidos, de início não quiseram participar.Mas depois acho que foram contagiados pelo prazer que os colegas demonstravam enquanto.Mesmo em meio à algazarra percebi que estavam concentrados em fazer o que era solicitado.Uns com mais espírito de liderança tentavam comandar os colegas, mas o próprio grupo reagiu naturalmente e todos acabaram dando sugestões e entendendo-se.
Nas primeiras vezes da escultura, não conseguiam controlar o riso, conforme paravam iam perdendo o equilíbrio.
Fiquei impressionada no exercício da fotografia como se articularam rápido e conseguiram realizar a proposta sem grandes dificuldades.Mas fiquei triste por me deparar com a proporção da violência diária na mente deles.Alguns fizeram fotos de “batidas” policiais, tiroteios e mortes.
Nos jogos dramáticos, sentiram muita dificuldade no início, em trabalhar com o abstrato.Esqueciam que carregavam um objeto e foi preciso lembrar sempre da concentração.Na segunda rodada já estavam mais envolvidos e esquecendo do desempenho, procuravam apenas resolver o que havia sido proposto.Inclusive um aluno fez que deixou o prato cair (achei genial a criatividade e improvisação dele) e os colegas fizeram o barulho e todos rimos.
RESULTADOS E DÚVIDAS
Eu já estou ensaiando uma encenação com alguns alunos (40 no total) e vinha sentindo muita dificuldade em mantê-los concentrados e levá-los a perceber o espaço, e lidar com isso.Essa peça é uma apresentação que faço para a prefeitura todos os anos, por onde dou aulas de capoeira (oficina) e esse ano resolvi incorporar algumas cenas da cultura brasileira como puxada de rede, maculelê e criei alguns quadros para organizar um pequeno espetáculo.Porém estava fazendo tudo mais na intuição e no amor do que com algum embasamento, o que estava me desgastando demais.Com a leitura desses textos procurei levar aos alunos o prazer, a satisfação e o envolvimento, fazê-los apropriarem-se mesmo, do que estavam fazendo.
Antes era um empurra-empurra, um puxavam os outros e até gritavam entre eles querendo organizar os quadros.Depois do exercícios da caminhadas isso melhorou muito.
Outro problema que sentia era a falta de interesse de alguns que estavam apenas fazendo o que eu pedia, porque na minha ingenuidade, não lhes dava o prazer de criar a sua própria visão da personagem.Realizei o exercício da fotografia a partir de quadros e gravuras com temas que aparecem na montagem.Alguns fizeram a te pesquisa no Google e no You Tube.Agora é nítida a diferença tanto no empenho, quanto na concentração.
Está sendo muito gratificante perceber que o estudo aplicado à prática teve resultados tão positivos e rápidos até.A mudança foi percebida até pelas pessoas (mães e professores) que estavam por perto.E eu estou menos desgastada, com mais pique para orientar os ensaios.Também estou menos ansiosa em relação ao resultado final, porque vejo que a situação está se resolvendo por conta deles, da intuição e da concentração que estão empregando.
Acredito que através dos exercícios de improvisação podemos chegar a desenvolver o teatro escolar com melhor aproveitamento pelos alunos.
Percebi no caso das crianças menores que realmente, algumas se inibiram e nem quiseram participar.
Fui aplicando os exercícios aos poucos, desde a última aula presencial e hoje foi o último encontro antes da postagem desse trabalho, o que acho uma lástima, pois tenho certeza que acontecerão mais fatos relativos ao emprego dos conhecimentos que estou adquirindo.Mas tentarei postar no meu blog...

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