O que é inclusão
A educação inclusiva é um movimento mundial fundamentado nos princípios dos direitos humanos e da cidadania,tendo por objetivo eliminar a discriminação e a exclusão,para garantir o direito à igualdade de oportunidades e à diferença,transformando os sistemas de ensino,de modo a propiciar a participação de todos os alunos,com foco específico naqueles que são vulneráveis à marginalização e a exclusão.
.A educação inclusiva acolhe todas as pessoas sem exceção.Historicamente,o atendimento educacional a crianças com deficiência era realizado apenas em escolas especiais,fato que trouxe conseqüências negativas e segregacionistas,pois se imaginava que elas eram incapazes de conviver com crianças sem deficiência.Todas as estratégias e argumentos pelos quais a escola tradicional resiste à inclusão refletem a sua incapacidade de atuar diante da complexidade,diversidade,do que é real nos seres e nos grupos humanos.
A escola tem que ser o reflexo da vida do lado de fora.O grande ganho para todos,é viver a experiência da diferença.Se os estudantes não passam por isso na infância,mais tarde terão muita dificuldade de vencer os preconceitos.A inclusão possibilita aos que são discriminados pela deficiência,pela classe social ou pela cor que,por direito, ocupem o seu espaço na sociedade.Se isso não ocorrer,essas pessoas serão sempre dependentes e terão uma vida cidadã pela metade.O motivo principal de elas estarem na escola é que lá vão encontrar um espaço genuinamente democrático,onde partilhem o conhecimento e a experiência com o diferente. Todos ganham ao exercitar a tolerância e o respeito.As crianças também percebem o quanto é necessário observar e respeitar as necessidades dos amigos.Esse senso de responsabilidade pelo outro é um exercício constante nas escolas inclusivas.
Para nós professores o maior ganho está em garantir a todos o direito à educação. Hoje a Educação Especial é entendida como a modalidade de ensino que tem como objetivo quebrar a barreiras que impedem a criança de exercer a sua cidadania.O atendimento educacional especializado é,então, apenas um complemento da escolarização e não um substituto.
O que faz uma escola ser inclusiva?
Em primeiro lugar um bom projeto pedagógico que começa pela reflexão,elaborado coletivamente,entre as instituições educativas,a família e os profissionais especializados.Inclusão é mais do que ter rampas e banheiros adaptados.A equipe da escola inclusiva deve discutir o motivo de tanta repetência e indisciplina,de os professores não darem conta do recado e de os pais não participarem.Atualmente muitas escolas diversificam o programa mas esperam que no fim das contas todos tenham os mesmos resultados.A escola organizada como está,produz a exclusão.Os conteúdos curriculares são tantos que tornam alunos,professores e pais reféns de um programa que abre pouco espaço para o talento das crianças.Os alunos estão enturmados Por séries,o currículo é organizado por disciplinas e o conteúdo é selecionado por coordenações pedagógicas,pelos livros didáticos,enfim,por uma “inteligência” que define os saberes úteis e a seqüência em que devem ser ensinados.
Na escola que não valoriza a diversidade o conteúdo é determinante.
Além de fazer adaptações físicas a escola precisa oferecer atendimento educacional especializado paralelamente às aulas regulares,de preferência no mesmo local.². “A maior demanda encontra-se na esfera das atitudes,posturas,formas de lidar com a diversidade e a diferença significativa de cada aluno.Essa não deve ser responsabilidade só do professor,mas do coletivo escolar.” Profissionais especializados podem orientar professores,pais e diretores no trabalho de inclusão e realizar adaptações curriculares de tal forma que os alunos especiais possam ser contemplados.Projetos fora do horário escolar,como oficinas de artes e desenvolvimento de talentos específicos,até um convênio com a APAE auxiliam a avaliar as dificuldades das crianças e oferecer terapia ocupacional fora do horário regular. Assim uma criança cega,por exemplo,assiste às aulas com os colegas que enxergam e,treina mobilidade,locomoção,uso da linguagem braile no outro turno. O professor porém é a peça chave da implantação da educação inclusiva e precisa ter melhor formação,em um processo contínuo e permanente.Essa formação não acontece meramente por cursos de graduação,pós-graduação ou de aperfeiçoamento. A formação continuada com cursos de curta e média duração,é o caminho para garantir a aquisição de competências relevantes para atuar junto a essas crianças.È urgente à necessidade de mudanças nos cursos de formação de professores em geral,com destaque para os cursos da área de educação infantil e seus currículos,os quais devem incluir conteúdos que favoreçam as práticas pedagógicas inclusivas.
O fisioterapeuta,o psicólogo ou o médico colabora com seus conhecimentos mas quem cuida do conteúdo pedagógico é o professor.
¹ “Quem pode dizer onde terminam as possibilidades de aprendizagem de quem tem deficiência?Só com as portas da escola abertas é que poderemos saber.Por isso ela é tão importante.”
Estudantes com deficiência mental severa podem estudar em uma classe regular.A inclusão não admite qualquer tipo de discriminação,e os mais excluídos são sempre os que têm deficiências graves.Há casos entretanto em que a criança não consegue interagir porque está em surto e precisa ser tratada.Para que o professor saiba o momento adequado de encaminhá-lo a um tratamento é necessário manter vínculos com os atendimentos clínico e especializado.
A avaliação de alunos com deficiência mental não deve ser diferenciada porque uma boa avaliação é planejada para todos,aquela em que o aluno aprende a analisar a sua produção de forma crítica e autônoma.Muitas vezes as avaliações servem para ver quem se encaixa nos padrões de aluno ideal do que para medir o progresso de cada um,dentro de suas possibilidades.A função da avaliação não é medir se a criança chegou a um determinado ponto,mas se ela cresceu.Esse mérito vem do esforço pessoal para vencer as suas limitações,e não da comparação com os demais.
Um professor sem capacitação pode ensinar alunos com deficiência.O papel do professor é ser regente de classe e não especialista em deficiência.por exemplo,para ser alfabetizada em língua portuguesa para surdos,conhecida como L2,a criança é atendida por um professor de língua portuguesa capacitado para isso.A função do regente é trabalhar os conteúdos,mas as parcerias entre os profissionais são muito produtivas.
No caso de se ter um cego na turma,o professor não precisa dominar o braile,porque quem escreve é o aluno.
As redes de ensino não estão dando às escolas e aos professores o que é necessário para um bom trabalho com inclusão.Mas como já foi dito a Constituição garante o acesso de todos ao ensino fundamental,sendo que alunos com necessidades especiais devem receber atendimento especializado – preferencialmente – na escola,que não substitui o ensino regular.Entendida a lei,a discussão deve ser a qualidade da educação para todos,e não só para crianças com deficiência. ³ “A inclusão faz parte de um grande movimento pela melhoria do ensino.” Mas é uma inclusão silenciosa.
Mesmo depois de tanto tempo dessa promulgação,alguns diretores e professores ainda acreditam que estudantes com deficiência não conseguem aprender e,em classe,devem apenas brincar ou passar o tempo.Há ainda pais que não aceitam os filhos se relacionando ou estudando com “retardados”,pois acham que isso baixa a qualidade de ensino.Outros acreditam que a deficiência é doença e que os “anormais” devem ser evitados. Muitas escolas privadas não podem manter os custos do atendimento educacional especializado e as públicas não recebem recursos e capacitação.Mas recusar a matrícula é crime.Quando a estrutura não oferece o básico,as parcerias são fundamentais,pois as crianças não podem esperar a escola se preparar.Por isso,na rede pública,feitas as adaptações físicas adequadas e estabelecidas às parcerias,o passo seguinte é cobrar do poder público verba e apoio pedagógico.A escola pública que não recebe apoio pedagógico ou verba tem como opção fazer parcerias com entidades de educação especial,disponíveis na maioria das redes.
O MEC contribui com programas,através da Seesp (Secretaria de Educação Especial do MEC) como o Programa educação inclusiva:direito à diversidade,desenvolvido em todos os Estados e no Distrito Federal,envolvendo 144 municípios-pólo que atuam como multiplicadores para outros municípios de sua área de abrangência.O objetivo é formar gestores e educadores para efetivar a construção de sistemas educacionais inclusivos,tendo como princípio garantir o direito de acesso e permanência com qualidade dos alunos com necessidades educacionais nas escolas de ensino regular.O programa disponibiliza aos sistemas de ensino equipamentos,mobiliários e material pedagógico para implantação de salas de recursos e organização da oferta de atendimento.E tem implantado um conjunto de ações e programas em parceria com dirigentes estaduais e municipais da educação,bem como apoiado a formação continuada dos professores,em diversas áreas,como deficiência mental,auditiva,visual,superdotação/altas habilidades,entre outras.
³.¹“Nós professores temos dificuldades para romper com a idéia de homogeneidade em que fomos formados:a criança ideal,abstrata,que se desenvolve e aprende de uma forma única.Este é o grande desafio que a inclusão impõe à escola:lidar com a diversidade e buscar respostas para as diferentes necessidades educacionais.Trabalhar com o nível de conhecimento,adaptar o ensino ao interesse e ao ritmo de aprendizagem de cada aluno e ajudá-lo a progredir a ater experiências significativas de aprendizagem são a chave da questão.”
Referências bibliográficas:
1.Revista Nova Escola,maio de 2005 – matéria com Maria Teresa Mantoan.
2.Revista Nova Escola,outubro de 2006 – A sociedade em busca de mais tolerância,por Meire Cavalcante.
3.Revista Nova Escola,maio de 2005 – A escola que é de todas as crianças,por Meire Cavalcante.
4.Revista Criança,junho de 2008 – A inclusão de crianças com deficiência cresce,por Rita de Baggio.
Citações:
1.Meire Cavalcante
2.Professora Francisca roseneide Furtado do Monte,consultora do Seesp/MEC.
3.Letícia Santos,produtora de cinema.
1.1 Dorian Mônica Arpini,departamento de Psicologia da UFSM.
2.1.Claudia Dutra Pereira,secretaria de Educação Especial do Ministério da Educação.
3.1 Marilda Bruno,consultora para publicação do MEC,da Universidade Federal de Grande Dourados (MS)
sexta-feira, 17 de outubro de 2008
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