A escola pública em geral, no Brasil, atende a parte da sociedade mais carente, a que tem menos condição material e uma qualidade de vida injusta. Por isso,é vista como de ensino sem qualidade,e por muitos apenas uma obrigatoriedade.Prova disso é quando ouvimos as pessoas dizerem “tirei daqui e dali,mas coloquei numa escola particular,para garantir um estudo melhor”.
A escola pública não atende os interesses da população que a freqüenta, e isso é parte de um sistema muito grande que é a sociedade na qual ela está inserida. Vivemos numa sociedade consumista,egoísta e individualista.O tempo todo somos forçados a uma competição acirrada,na busca por empregos,salários,e até relacionamentos.Tal sociedade não poderia gerar sistema educacional diferente do que vivenciamos,onde é cada um por si,reproduzindo a desigualdade social e as discriminações existentes.A escola então tem durante anos seguido o mesmo projeto:formar um grupo considerado capacitado,para que tenha sucesso e mais tarde faça uso desse sucesso e do conceito de bem sucedido que trazem consigo para comandar e sendo superior aquela maioria que não alcançou esse “patamar”,tornar-se chefe,dirigente.
Acontece que se a escola atende os interesses da sociedade, essa sociedade é formada por nós mesmos, que vivemos tão presos ao sistema que não nos damos conta disso. mas do que vive o homem na sociedade,é de seu trabalho e esse é “concedido” por aqueles que tem mais poder.Então numa grande roda viva,os poderosos ditam os interesses financeiros que originam o trabalho para o qual a sociedade é preparada a servir.Nesse contexto,com o avanço da tecnologia ficou cada vez mais desnecessário que se tenha algum conhecimento técnico para trabalhar nas fábricas e indústrias,nos empregos de massa como se diz,que é onde a maioria da população mais carente consegue seus empregos,pois que não avança muito na escolaridade.Então a escola reforçou essa roda viva,valorizando a obediência,o permitido e o não permitido,ordem,disciplina e segmentação dos conteúdos.Cada disciplina tem o seu propósito e portanto os seus conteúdos e uma não toma ciência da outra.Cada professor trabalha em sua linha de ensino,seguindo uma teoria epistemológica e que talvez nem saiba que está seguindo.A questão salarial e o desinteresse dos alunos vem a justificar muitas vezes a acomodação e a falta de vontade de investir em novidades ou mudanças.A nota,o ser aprovado,passa a ser um prêmio para aqueles que apresentam-se capacitados à isso,assim como nos trabalhos os “melhores” tem melhores salários e cargos superiores onde lideram os demais.A escola que valoriza os mais capacitados em detrimento daqueles considerados com menos condições de aprender em relação à esses,está automaticamente validando um sistema onde os alunos vão cada vez menos acreditando em seu potencial,na força de suas idéias e de sua criatividade.dessa forma sentindo-se cada vez mais inferiores e na condição de submissos,cabendo-lhes o mero papel de comandados já que para “ser alguém” na vida é preciso ter estudo e nisso,eles não conseguem ir muito além.
A escola continua servindo aos interesses da sociedade, dentre eles os interesses do mercado trabalhista que agora precisa de trabalhadores flexíveis, disponíveis e interessados pelas questões de sua empresa. Por uma exigência do próprio mercado consumidor,as empresas precisaram adaptar-se a nova realidade,buscando vencer a concorrência e superar a crise econômica e para isso diminuindo custos e aumentando qualidade ,aliando-se com novos recursos tecnológicos.O trabalhador desse sistema precisa saber buscar alternativas,soluções,conhecer outras funções além da sua e também saber utilizar-se dessa nova tecnologia ou pelo menos estar aberto a aprender como utiliza-las.Percebo que existe um discurso por parte do Governo,de liberdade de escolha,autonomia,educação para democracia.Mas estamos agora vinculados à índices de qualidade de ensino e para isso realizamos Prova Brasil e respondemos ao IDEB,para o qual se a escola está “abaixo da média” ganha propostas para melhorar esse índice,do tipo PDE,projeto Mais Educação entre outros.Ou seja,precisa a escola atender as necessidades do mercado,que agora precisa de pessoas articuladas,capacitadas em diferentes habilidades e flexíveis.mas não se considera o meio onde vive nossa população,nem seus reais interesses,muito menos que se aplique uma educação para o crescimento pessoal,a não ser na teoria.Precisamos continuar atentos para que não sejamos instrumentos desse apoderamento que vai, tempos em tempos, dirigindo camufladamente os objetivos da educação e persistir em nossos objetivos enquanto educadores,de formar cidadãos críticos,capazes de refletir e discernir o que é melhor para si e para o grupo em que vivem.
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