Lendo o texto lembrei-me de uma saída que fiz com os alunos de quarta série ao Planetário. Na avenida Ipiranga,comentei com os alunos a questão da pichação,num prédio colocado em estado lastimável,porque faziam isso,se não tinha mensagem nenhuma,afinal não dava para entender o que queria dizer.os alunos me revelaram significado,que havia sido feito naquele lugar para chamar a atenção e que essa era a mensagem.Então tornei a questionar mensagem pra quem se a maioria das pessoas não entendia,como eu e de forma tão feia.A resposta foi convicta:”feia para quem não entende,para os pichadores quanto mais difícil o lugar mais moral entre eles,essa é a mensagem principal,a gente existe e vence os obstáculos para dizer isso”.Não preciso dizer que fiquei surpresa e mais uma vez aprendi com meus alunos.
“Texto e discurso (e in¬cluiríamos também oralidade) passam a ser vistos como artefatos produtivos, construtivos de formações sociais, comunidades e identidades sociais dos sujeitos. Nesse sentido, a própria construção do conceito de sujeito é cultural e toda prática social tem seu caráter discursivo”. (Luke, 1996).
A questão de linguagem ou da forma de comunicar-se está sim ligada ao contexto sócio cultural que a pessoas se encontra.Se é certo ou errado,depende de quem avalia.Encontro sempre dificuldades em construir combinações entre verbos,pessoas e mais ainda quando envolvem os tempos verbais.Conversando com as famílias dos alunos pude perceber o quê.Eles falam “errado”,consequentemente os filhos aprendem e falam também.E prá que falar certo?Suas vidas começam e terminam dentro da Vila,e lá todos se entendem falando daquele jeito.Nós mesmos,gaúchos,na grande maioria ao conversarmos omitimos o plural de várias palavras “que frio no meus pé”.Enquanto no Rio de Janeiro por exemplo,usa-se o plural corretamente mas muitas pessoas trocam o l pelo r,”pranta,Framengo” e por aí vai.A diversidade linguística de nosso país é tão grande que é preciso aprender novas palavras e/ou expressões ao sairmos de noso estado.
“Sob o nosso ponto de vista, a escola enfrenta o desafio de incorporar ao currículo essas demandas sociais e culturais e de articular mei¬os para responder a elas. É a era das interlocuções mais amplas.”
E além disso vivemos à época do “internetês” onde troca-se qu por k,x por ch,tudo prá acompanhar a velocidade da vida moderna,pois agora além do tempo não parar,ele também voa.Todos tem muita urg~enia em tudo,até para se comunicar.
Assim vejo que existem muitas diferenças entre o que os alunos falam e aquilo que escrevem,mais ainda com aquilo que leem.E talvez essa diferença é que ause a distância tão grande entre os alunos e as disciplinas,resulktando em desinteresse e cada vez menos produções construtivas.
“A ideia do significado e da provisoriedade dos conhecimentos selecionados e de projetos didáticos diferenciados/articulados/contextualizados para cada aluno e para o coletivo da sala de aula, entre outros aspectos evidentemente, parece uma estratégia pedagógica adequada para fomentar políticas educacionais de inclusão.”
Fonte: A leitura, a escrita e a oralidade como artefatos culturais (DALLA ZEN; TRINDADE, 2002).
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Um comentário:
Excelente reflexão... Neste caso você acha que a solução seria planejar atividades de acordo com a realidade dos alunos? Como, argumente? Seria apenas uma questão didática?? Fale um pouco mais sobre o seu ponto de vista. Abraços!
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