terça-feira, 9 de junho de 2009

Reflexões sobre a cultura indígena na prática pedagógica

Quando fui preparar a prática me dei conta que eu pouco sabia para falar da diversidade que existe na cultura indígena.Ano após ano,passamos estudando,enquanto educandos as mesmas teses sobre a vida dos índios,que são seres quase míticos,que vivem na floresta como selvagens,e que pelo que aprendemos todos os povos tem os mesmos costumes e vivem sobre a mesma organização sócio cultural.Quando comecei a ensinar para quarta série,passei a me preocupar com essa questão pois tinha que falar sobre os primeiros habitantes do RS e os alunos acima da idade;série já não se interessavam em pintar o rosto e sair imitando o velho modelo de índio que trazia.Foi a partir daí que percebi o quanto estava enganada em minhas conclusões sobre a vida indígena,e quantos e quantos anos ensinei da mesma forma que aprendi,além de tratar do assunto somente no “dia do índio”.Procurei fazer uma pesquisa e reuni todo material que tinha em mãos buscando formular uma aula que desse início a essa mudança de concepção.
Quando reuni o material referencial teórico para elaborar a aula,fui constatando a riqueza e a enorme diversidade que existe dentro do povo indígena.Começando pela questão da denominação de índios,que passei a explicar para meus alunos de onde havia surgido.Tentei mostrar a eles diversas tribos,com suas organizações,seus rituais e também chamar a atenção para os motivos pelos quais muitos índios vem para a cidade e tentam sobreviver aqui.Trabalhando no que sabem fazer,procuram honestamente manter suas famílias,como a família de Daniel Munduruku.E que em nossa cidade encontramos muitos índios vendendo artesanato,na maioria expulsa de suas terras por desapropriação e outros tantos obrigados a procurar sustento no trabalho urbano pois o desmatamento acabou com seus recursos naturais.Tentei leva-los a conclusão após debates e apresentação de materiais,de que não é porque os índios estão ali na rua vendendo artesanato ou moram em casebres muitas vezes na beira da estrada,que são vagabundos ou bandidos.Também coloquei a luta do Marechal Rondon em prol do respeito ao modo de vida dos índios,e as suas terras para mostrar que já há muito tempo há pessoas que se preocupam com o extermínio das diversas culturas indígenas e do povo indígena,porque são eles realmente os primeiros habitantes dessas terras em que hoje vivemos “por direito”.Além disso,acredito ser importante mostrar que existem verdadeiros heróis que lutam pela humanidade,e não só aquele que eles vem no dia-a-dia,os patrões do tráfico,que há outras pessoas para servirem de referencial e de exemplo,para admirarmos.
Tive muita vontade de conhecer e principalmente de levar os alunos para visitar uma aldeia aqui em Porto Alegre.Como só estou começando a tratar desse assunto,ainda buscarei alternativas para concretizar essa vontade.O resultado com os alunos foi muito gratificante.Pude perceber o quanto eles entenderam a mensagem que quis transmitir através das produções textuais livres.Pedi que escrevessem do que tinham aprendido aquilo que mais significou.E alguns expressaram vontade de conhecer as aldeias,de ver de perto como vivem os índios,aprender sobre sua cultura,e principalmente que ser índio não é só pintar a “cara” e dançar,mas que eles sabem “um monte” de coisas que nós não sabemos.Também fiquei satisfeita com a maioria escrevendo que não é porque eles vivem diferentemente de nós que não são pessoas boas,e que precisamos respeitar aqueles que são diferentes.

Um comentário:

Anônimo disse...

Olá, que bom saber que você realizou trabalhos sobre a cultura indígena. Estou começando agora um projeto sobre isto. É importante saber que a maioria dos índios são civilizados. Os silvículas são os não-índios, Afinal quem violou o princípio do domicílio?

visite o meu blog portuguesggt.blogspot.com

Abraço