quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Marx e a educação

“Esperar da sociedade mercantilizada a promulgação ativa – ou mesmo a mera tolerância – de um mandato às suas instituições de educação formal que as convidasse a abraçar plenamente a grande tarefa histórica do nosso tempo: ou seja, a tarefa de romper com a lógica do capital no interesse da sobrevivência humana, seria um milagre monumental. É por isso que, também no domínio educacional, os remédios 'não podem ser formais; eles devem ser essenciais ". Por outras palavras, eles devem abarcar a totalidade das práticas educacionais da sociedade estabelecida.”Mészáros
Bastante atrasada,sem internet,mas vamos lá...
Li todas as postagens das colegas,mas após ter feito uma breve síntese do que mais me marcou ao ler sobre Marx não foi surpresa encontrar pontos em comum,que nos causam inquietações e aflição,já que somos muito críticos.Não pude assim,deixar de me ver dentro do contexto ideológico fundamental da corrente marxista,bem como alguns colegas.Quando estou aqui,na sala de aula,com meus trinta alunos e tentando reler com atenção as partes que grifei sobre o material proposto para poder elaborar minha atividade,é que me sinto oprimida por esse sistema capitalista.Não tenho alternativa,preciso trabalhar essas sessenta horas e quero fazer esse curso.Não seria mais digno e humano trabalhar somente vinte horas sobrando-me assim tempo para dedicar-me a outras tarefas que me permitissem o desenvolvimento de outras áreas?Quando digo que “preciso” vejo nessa afirmação o que Marx dizia sobre a mais-valia ,afinal mesmo não sendo uma operária de fábrica,sou uma assalariada e estou produzindo mais para meu “patrão” do que o meu próprio custo para a sociedade,já que a educação que é oferecida gratuitamente sai também do meu salário,em forma de impostos,isso sem falar dos diversos “bolsa” que o Governo federal oferece.Acho que o que recebo por 60 horas deveria ser pago por 20 horas assim cobrindo minhas despesas de sobrevivência e deixando-me tempo livre para dispor como quisesse.
Ainda me vejo lutando contra a alienação promovida pelo capitalismo,sendo que meu trabalho tornou-se uma mercadoria,que exige cada vez mais tempo dedicado a ele,mas com menos qualidade e produtividade.
Nas palavras de Mészáros “ até as mais nobres utopias educacionais, formuladas no passado a partir do ponto de vista do capital, tiveram que permanecer estritamente dentro dos limites da perpetuação do domínio do capital como um modo de reprodução social metabólica”.
Então “quem educa os educadores” ?se esses não podem dispor de tempo livre nem para isso? Com um salário que não supre as necessidades básicas somos forçados à sobrecarga de trabalho,em condições desumanas,sem apoio de recursos materiais nem muitas vezes dos setores pedagógicos,cada vez mais extintos nas escolas.Como eu posso educar para promover a transformação social,base utópica que conduz muitos educadores a continuarem perseverando em seus propósitos,se eu não consigo nem como classe trabalhadora,mudar a minha própria condição de trabalho? Para melhorar um pouco (e bem pouco) meu salário precisaria atualizar-me,aprimorar meus conhecimentos,ESTUDAR! Mas que tempo resta para que eu possa buscar esSa qualificação?As madrugadas de estafa e cansaço onde não se aplica a mesma qualidade,vontade e disposição?
Mais uma vez cito Mészáros: “é isto o que acontece mesmo quando um reformador social e educacional iluminado, que honestamente tenta remediar os efeitos alienantes e desumanizantes do "poder do dinheiro" e da "procura do lucro" que ele deplora, não pode escapar ao colete-de-força auto-imposto das determinações causais do capital”.
Desculpem o desabafo,culpado disso é Karl Marx!!!
Mas li bastante a respeito do trabalho infantil e suas implicações na tangência do desenvolvimento humano,concordo,realmente há uma regulamentação relativa à idade e a jornada de trabalho que denotam a uma evolução na busca da humanização apregoada por Marx.Hoje já não lidamos só com os filhos dos proletários para quem Marx buscava uma sociedade mais igualitária,porque esses filhos tinham pais trabalhadores e ajudavam no sustento de suas famílias.Hoje temos a herança do avanço de tecnologia,do crescimento populacional desenfreado e conseqüente desemprego.Ainda Mészáros :“o papel da educação é supremo tanto para a elaboração de estratégias apropriadas, adequadas a mudar as condições objetivas de reprodução, como para a automudança consciente dos indivíduos chamados a concretizar a criação de uma ordem social metabólica radicalmente diferente. É isto que se quer dizer com a visão de uma "sociedade de produtores livremente associados". Portanto, não é surpreendente que na concepção marxista a "transcendência positiva da auto-alienação do trabalho" seja caracterizada como uma tarefa inequivocamente educacional.”

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

inclusão , aprendendo

COMPORTAMENTOS INCLUSIVOS
DIANTE DE PESSOAS COM DEFICIÊNCIA

Romeu Kazumi Sassaki
São Paulo, dezembro de 2005


Evidências no dia-a-dia nos mostram que existe um interesse, cada vez mais generalizado dentro da população, em conhecer e relacionar-se corretamente com as pessoas que têm uma deficiência.

Palestras, cursos, campanhas, livros, folhetos, revistas – em todas as partes da sociedade constatamos mensagens escritas, faladas, desenhadas e dramatizadas ensinando as formas corretas de se interagir com pessoas cuja deficiência é bastante variada e cuja presença é notada com mais freqüência a cada dia que passa.

Neste artigo, apresento uma síntese desses comportamentos inclusivos diante de pessoas com deficiência, parte deles transcrita e/ou adaptada de inúmeros textos publicados (ver Bibliografia consultada) e parte aprendida em minha experiência profissional dentro do campo da reabilitação profissional, bem como em minha atuação no movimento de direitos, nos últimos 45 anos.

Dicas gerais diante de uma pessoa com qualquer tipo de deficiência

 Converse com ela respeitosamente, sabendo que ambos desejam ser respeitados como seres humanos.
 Comporte-se de igual para igual, ou seja, considerando que vocês dois possuem a mesma dignidade.
 Aceite a outra pessoa como ela é, assim como você espera ser aceito do jeito que você é.
 Ofereça ajuda sempre que notar que a pessoa parece necessitá-la. Pergunte antes de ajudar e jamais insista em ajudar. Se ela aceitar a ajuda, deixe que ela lhe diga como quer ser ajudada.
 Lembre-se de que as pessoas com deficiência têm os mesmos direitos garantidos a todos os povos na Declaração Universal dos Direitos Humanos e na Constituição de cada país.

Diante de uma pessoa com deficiência física

1. Que usa cadeira de rodas

 Não se apóie na cadeira de rodas, nem com as mãos nem com os pés. A cadeira de rodas é uma extensão do corpo da pessoa que a utiliza.
 Não receie em falar as palavras “ande”, “corra” e “caminhe”. As próprias pessoas com deficiência física também as utilizam.
 Se a conversa for demorar, sente-se num banco ou sofá de modo que seus olhos fiquem no mesmo nível do olhar da pessoa em cadeira de rodas. Para uma pessoa sentada, não é confortável ficar olhando para cima durante um período relativamente longo.
 Ao ajudar uma pessoa em cadeira de rodas a descer uma rampa ou degraus, use a marcha à ré, para evitar que, pela excessiva inclinação, a pessoa perca o equilíbrio e caia para frente.
 Ande na mesma velocidade do movimento da cadeira de rodas.
 Ao planejar eventos, providencie acessibilidade arquitetônica em todos os recintos.

2. Que usa muletas

 Tome cuidado para não tropeçar nas muletas.
 Ao acomodar as muletas, após a pessoa sentar-se, deixe-as sempre ao alcance das mãos dela.
 Ande no mesmo ritmo da marcha da pessoa.

3. Que tenha necessidade especial no uso dos braços e mãos e do corpo em geral

 Siga as cinco dicas gerais, acima indicadas.
 Esteja atento às particularidades de cada tipo de deficiência física.

Diante de uma pessoa com deficiência visual

1. Pessoa cega

 Se andar com uma pessoa cega, deixe que ela segure seu braço. Não a empurre; pelo movimento de seu corpo, ela saberá o que fazer.
 Em lugares estreitos para duas pessoas caminharem, ponha o seu braço para trás de modo que a pessoa cega possa seguir você.
 Se estiver com ela durante a refeição, pergunte-lhe se quer auxílio para cortar a carne, o frango ou para adoçar o café, e explique-lhe a posição dos alimentos no prato.
 Num restaurante, é de boa educação que você leia o cardápio e os preços, se a pessoa cega assim o desejar.
 Se for auxiliar a pessoa cega a atravessar a rua, pergunte-lhe antes se ela necessita de ajuda e, em caso positivo, atravesse-a em linha reta, senão ela poderá perder a orientação.
 Se ela estiver sozinha, identifique-se sempre ao aproximar-se dela. Nunca empregue brincadeirinhas como: “Adivinha quem é?”.
 Se for orientá-la a sentar-se, coloque a mão da pessoa cega sobre o braço ou encosto da cadeira, e ela será capaz de sentar-se facilmente.
 Se observar aspectos inadequados quanto à aparência da pessoa cega (meias trocadas, roupas pelo avesso, zíper aberto etc.), não tenha receio de avisá-la discretamente a respeito de sua roupa.
 Se conviver com uma pessoa cega, nunca deixe uma porta entreaberta. As portas devem estar totalmente abertas ou completamente fechadas. Conserve os corredores livres de obstáculos. Avise-a se a mobília for mudada de lugar.
 Se você trabalha, estuda ou está em contato social com uma pessoa cega, não a exclua nem minimize a participação dela em eventos ou reuniões. Deixe que a pessoa cega decida sobre tal participação. Trate-a com o mesmo respeito que você demonstra ao tratar uma pessoa que enxerga.
 Se for orientá-la, dê direções do modo mais claro possível. Diga “direita”, “esquerda”, “acima”, “abaixo”, “para frente” ou “para trás”, de acordo com o caminho que ela necessite percorrer. Nunca use termos como “ali”, “lá”.
 Indique as distâncias em metros. Por exemplo: “Uns 10 metros para frente”.
 Se for a um lugar desconhecido para a pessoa cega, diga-lhe, muito discretamente, onde as coisas estão distribuídas no ambiente, os degraus, meios-fios etc.
 Se vocês estiverem numa festa, diga à pessoa cega quais as pessoas presentes e veja se ela encontra pessoas para conversar, de modo que se divirta tanto quanto você.
 Se for apresentá-la a alguém, faça com que ela fique de frente para a pessoa a quem você está apresentando, impedindo que a pessoa cega estenda a mão, por exemplo, para o lado contrário em que se encontra a outra pessoa.
 Se conversar com uma pessoa cega, fale sempre diretamente, e nunca por intermédio de seu companheiro. A pessoa cega pode ouvir tão bem ou melhor que você. Não evite as palavras “veja”, “olhe” e “cego”; use-as sem receio. As pessoas cegas também as usam.
 Quando se afastar da pessoa cega, avise-a, para que ela não fique falando sozinha.
 A pessoa cega não vive num mundo escuro e sombrio. Ela percebe coisas e ambientes e adquire informações através do tato, da audição e do olfato. Ela pode ler e escrever por meio do braile.
 O computador também é um bom aliado, possibilitando à pessoa cega escrever e conferir os textos, ler jornais e revistas, via internet ou livro digitalizado, usando programas específicos (DosVox, Virtual Vision, Jaws, por exemplo) nos quais se fala o que está escrito na tela.
 Com a bengala ou com o cão-guia, a pessoa cega pode caminhar com autonomia, identificando ou desviando-se de degraus, buracos, meio-fio, raízes de árvores, orelhão, postes, objetos protuberantes nos quais ela possa bater a cabeça etc. O cão-guia nunca deverá ser distraído do seu dever de guiar a pessoa cega.
 Ao planejar eventos, providencie material em braile.

2. Pessoa com baixa visão

 Ao se tratar de pessoa com baixa visão, proceda quase das mesmas formas acima indicadas.
 Ao planejar eventos, providencie material impresso com letras ampliadas.

3. Pessoa surdocega

 Em geral, a pessoa com surdocegueira está acompanhada de um guia-intérprete, que utiliza diversos recursos de comunicação como, por exemplo, a libras tátil (libras na palma das mãos) ou o tadoma (pessoa surdocega coloca a mão no rosto do guia-intérprete, com o polegar tocando suavemente o lábio inferior e os outros dedos pressionando levemente as dobras vocais). Assim, pela vibração das dobras vocais, ela consegue entender o que a outra pessoa está falando. Há pessoas surdocegas que apenas não ouvem, mas falam; portanto, ela pode “ouvir” pelo tadoma e falar com a própria voz. Quando entrar numa conversa com uma pessoa surdocega, que utiliza o tadoma, deixe que ela faça o mesmo com você.

Diante de uma pessoa com deficiência auditiva

1. Pessoa surda

 Se quiser falar com uma pessoa surda, sinalize com a mão ou tocando no braço dela. Enquanto estiverem conversando, fique de frente para ela, mantenha contato visual e cuide para que ela possa ver a sua boca para ler os seus lábios. Se você olhar para o outro lado, ela pode pensar que a conversa terminou.
 Não grite. Ela não ouvirá o grito e verá em você uma fisionomia agressiva.
 Se tiver dificuldade para entender o que uma pessoa surda está dizendo, peça que ela repita ou escreva.
 Fale normalmente, a não ser que ela peça para você falar mais devagar.
 Seja expressivo. A pessoa surda não pode ouvir as mudanças de tom da sua voz, por exemplo, indicando gozação ou seriedade. É preciso que você lhe mostre isso através da sua expressão facial, gestos ou dos movimentos do corpo para ela entender o que você quer comunicar.
 Em geral, pessoas surdas preferem ser chamadas “surdos” e não “deficientes auditivos”.
 Se a pessoa surda estiver acompanhada de um intérprete da língua de sinais, fale olhando para ela e não para o intérprete.
 É muito grosseiro passar por entre duas pessoas que estão se comunicando através da língua de sinais, pois isto atrapalha ou impede a conversa.
 Se aprender a língua de sinais brasileira (libras), você estará facilitando a convivência com a pessoa surda.
 Ao planejar um evento, providencie avisos visuais, materiais impressos e intérpretes da língua de sinais.

2. Pessoa com baixa audição

 Ao se tratar de pessoa com baixa audição, proceda quase das mesmas formas indicadas para relacionar-se com pessoas surdas.
 Em geral, as pessoas com baixa audição não gostam de ser chamadas “surdos” e sim “deficientes auditivos”.

Diante de uma pessoa com deficiência da fala

 Existem diversas alterações de fala, variando desde as mais simples, como a dificuldade em pronunciar os sons de maneira correta, até as mais complexas, como a perda total da voz, as gagueiras mais graves e os transtornos causados por um problema neurológico, que podem prejudicar tanto a fala como a compreensão.
 Todas estas alterações podem trazer um prejuízo ou até mesmo um impedimento para a comunicação oral.
 Mantenha a calma quando falar com alguém que apresenta alguma dificuldade de comunicação oral. Não tente adivinhar o que ela quer dizer e não a deixe sem resposta.
 Procure olhar no rosto de quem fala; fale pausadamente; use poucas palavras de cada vez; espere a sua vez de falar e só comece quando tiver certeza de que o outro terminou o que tinha a dizer.
 Se não entendeu o que foi falado, não tenha receio de pedir que o outro repita ou escreva. A maior parte das pessoas com dificuldade na fala tem consciência disso e não se incomoda em repetir, desde que encontre alguém realmente interessado em ouvi-la.
 Preste mais atenção no conteúdo da fala do que em sua forma e, principalmente, não discrimine alguém pela maneira dele de falar.

Diante de uma pessoa com deficiência intelectual

 Ao dirigir-se a uma pessoa com deficiência intelectual, aja com naturalidade, como você faria com qualquer outra pessoa.
 Não confunda “deficiência intelectual” (deficiência mental) com “transtorno mental” (doença mental).
 A pessoa com deficiência intelectual é, em geral, muito carinhosa e disposta a conversar.
 Procure dar-lhe atenção e tratá-la de acordo com a faixa etária: criança, adolescente, adulta.
 Não a ignore durante conversação. Cumprimente-a e despeça-se dela, como você o faria com outras pessoas.
 Não a superproteja, nem use linguagem infantilizada.
 Deixe que ela tente fazer sozinha tudo o que ela puder. Ajude apenas quando for realmente necessário.
 Entenda que a pessoa com deficiência intelectual aprende mais lentamente. Se você respeitar o ritmo dela e lhe oferecer oportunidade, ela pode desenvolver habilidades, tornar-se produtiva e participar do mundo com dignidade e competência.

Diante de uma pessoa com outras deficiências

 Existem pessoas que apresentam uma deficiência que não foi mencionada até aqui. Por exemplo, a deficiência múltipla, que se caracteriza pela presença simultânea de dois ou mais tipos de deficiência acima citados.
 Também existem pessoas com paralisia cerebral, com síndrome de Down, com hiperatividade, com ostomia, com dislexia e assim por diante. Mas, paralisia cerebral, síndromes diversas, hiperatividade, ostomia, dislexia etc. não são tipos de deficiência; são condições que acarretam alguma deficiência.
 Por outro lado, existem pessoas com epilepsia, com hanseníase, com transtorno mental, com autismo, com transtorno de déficit de atenção (TDA) etc. Porém, epilepsia, hanseníase, transtorno mental, autismo, TDA etc. também não constituem tipos de deficiência; são doenças que podem acarretar alguma deficiência.
 Há casos em que uma doença e uma condição estão presentes juntas. Por exemplo, transtorno de déficit de atenção com hiperatividade (TDAH).
 Podemos, então, comportar-nos diante de uma pessoa com deficiência resultante dessas condições ou doenças, seguindo todas as dicas gerais e algumas das dicas específicas, de acordo com cada caso.
 A questão das condições e doenças como causas de deficiências é polêmica e não encontra um consenso entre especialistas. Por exemplo, a ostomia e a paralisia cerebral foram colocadas como formas de deficiência física, e não como causas, no Decreto nº 5.296, de 2/12/04.

Bibliografia consultada

AGETRAN/SAS. Alerta ao cidadão (cartilha “Viva Seu Bairro – Projeto Multissetorial Integrado”). Campo Grande: Agência Municipal de Transporte e Trânsito / Secretaria Municipal de Assistência Social, c.2005.
BRASIL. Decreto nº 5.296, de 2 de dezembro de 2004 (Lei da Acessibilidade).
CAPOVILLA, F. C., & RAPHAEL, W. D. Dicionário enciclopédico ilustrado trilíngüe da língua de sinais brasileira. São Paulo, SP: Edusp, 2001. E-mail: capovila@usp.br.
CEPRED. Como você deve se comportar diante de uma pessoa que... Salvador, BA: Centro Estadual de Prevenção e Reabilitação de Deficiências, c.2004 (folheto adaptado do livreto Handicapés, escrito pelo Movimento de Mulheres Jovens, de Paris, em 16/11/82). E-mail: cepred@saude.ba.gov.br.
CLEMENTE, Carlos Aparício. Conviva com a diferença. Osasco: Espaço da Cidadania, 2003 (cartilha disponível em http://ecidadania.cjb.net, e-mail: espaco.cidadania@ig.com.br).
CJGG. Manual para inclusão social das pessoas portadoras de deficiência. Planaltina, DF: Comissão Jovem Gente como a Gente, 2000 (folheto adaptado do livreto Handicapés, escrito pelo Movimento de Mulheres Jovens, de Paris, em 16/11/82). E-mail: comissão.jovem@zaz.com.br
DUTRA, Luiz Carlos. Pastoral da inclusão: pessoas com deficiência na comunidade cristã. São Paulo: Loyola, 2005.
FDNC. O que você pode fazer quando encontrar uma pessoa cega. São Paulo: Fundação Dorina Nowill para Cegos, c.2005 (folheto). Site: www.fundacaodorina.org.br, e-mail: info@fundacaodorina.org.br.
SASSAKI, R. K. Atualizações semânticas na inclusão de pessoas: deficiência mental ou intelectual? Doença ou transtorno mental? Jornal do Sinepe-RJ, ano XIV, n. 88, jul./set. 2005, p. 10-11 e Revista Nacional de Reabilitação, São Paulo, ano V, n. 24, jan./fev. 2002, p. 6-9.
_____. Nomenclatura na área da surdez. São Paulo, 2004. (texto não-publicado disponível pelo e-mail: romeukf@uol.com.br).
_____. Como chamar as pessoas que têm deficiência. In: Vida Independente. São Paulo: RNR, 2003, p. 12-15.
_____. Terminologia sobre deficiência na era da inclusão. In: Mídia e deficiência, Brasília: Agência de Notícias dos Direitos da Infância e Fundação Banco do Brasil, 2003, p. 160-165.
_____. Terminologia sobre deficiência na era da inclusão. Revista Nacional de Reabilitação, São Paulo, ano V, n. 24, jan./fev. 2002, p. 6-9.
SEAD. Dicas para conviver valorizando as diferenças. Recife: Superintendência Estadual de Apoio à Pessoa com Deficiência / Secretaria de Planejamento e Desenvolvimento Social, c.2003 (folheto disponível pelo e-mail: sead@fisepe.pe.gov.br).

C:\Romeu Kazumi Sassaki\Arquivos\Textos de word\Sensibilização - conscientização\
Comportamentos inclusivos diante de pessoas com deficiência.doc

Inclusão

O que é inclusão
A educação inclusiva é um movimento mundial fundamentado nos princípios dos direitos humanos e da cidadania,tendo por objetivo eliminar a discriminação e a exclusão,para garantir o direito à igualdade de oportunidades e à diferença,transformando os sistemas de ensino,de modo a propiciar a participação de todos os alunos,com foco específico naqueles que são vulneráveis à marginalização e a exclusão.
.A educação inclusiva acolhe todas as pessoas sem exceção.Historicamente,o atendimento educacional a crianças com deficiência era realizado apenas em escolas especiais,fato que trouxe conseqüências negativas e segregacionistas,pois se imaginava que elas eram incapazes de conviver com crianças sem deficiência.Todas as estratégias e argumentos pelos quais a escola tradicional resiste à inclusão refletem a sua incapacidade de atuar diante da complexidade,diversidade,do que é real nos seres e nos grupos humanos.
A escola tem que ser o reflexo da vida do lado de fora.O grande ganho para todos,é viver a experiência da diferença.Se os estudantes não passam por isso na infância,mais tarde terão muita dificuldade de vencer os preconceitos.A inclusão possibilita aos que são discriminados pela deficiência,pela classe social ou pela cor que,por direito, ocupem o seu espaço na sociedade.Se isso não ocorrer,essas pessoas serão sempre dependentes e terão uma vida cidadã pela metade.O motivo principal de elas estarem na escola é que lá vão encontrar um espaço genuinamente democrático,onde partilhem o conhecimento e a experiência com o diferente. Todos ganham ao exercitar a tolerância e o respeito.As crianças também percebem o quanto é necessário observar e respeitar as necessidades dos amigos.Esse senso de responsabilidade pelo outro é um exercício constante nas escolas inclusivas.
Para nós professores o maior ganho está em garantir a todos o direito à educação. Hoje a Educação Especial é entendida como a modalidade de ensino que tem como objetivo quebrar a barreiras que impedem a criança de exercer a sua cidadania.O atendimento educacional especializado é,então, apenas um complemento da escolarização e não um substituto.

O que faz uma escola ser inclusiva?
Em primeiro lugar um bom projeto pedagógico que começa pela reflexão,elaborado coletivamente,entre as instituições educativas,a família e os profissionais especializados.Inclusão é mais do que ter rampas e banheiros adaptados.A equipe da escola inclusiva deve discutir o motivo de tanta repetência e indisciplina,de os professores não darem conta do recado e de os pais não participarem.Atualmente muitas escolas diversificam o programa mas esperam que no fim das contas todos tenham os mesmos resultados.A escola organizada como está,produz a exclusão.Os conteúdos curriculares são tantos que tornam alunos,professores e pais reféns de um programa que abre pouco espaço para o talento das crianças.Os alunos estão enturmados Por séries,o currículo é organizado por disciplinas e o conteúdo é selecionado por coordenações pedagógicas,pelos livros didáticos,enfim,por uma “inteligência” que define os saberes úteis e a seqüência em que devem ser ensinados.
Na escola que não valoriza a diversidade o conteúdo é determinante.
Além de fazer adaptações físicas a escola precisa oferecer atendimento educacional especializado paralelamente às aulas regulares,de preferência no mesmo local.². “A maior demanda encontra-se na esfera das atitudes,posturas,formas de lidar com a diversidade e a diferença significativa de cada aluno.Essa não deve ser responsabilidade só do professor,mas do coletivo escolar.” Profissionais especializados podem orientar professores,pais e diretores no trabalho de inclusão e realizar adaptações curriculares de tal forma que os alunos especiais possam ser contemplados.Projetos fora do horário escolar,como oficinas de artes e desenvolvimento de talentos específicos,até um convênio com a APAE auxiliam a avaliar as dificuldades das crianças e oferecer terapia ocupacional fora do horário regular. Assim uma criança cega,por exemplo,assiste às aulas com os colegas que enxergam e,treina mobilidade,locomoção,uso da linguagem braile no outro turno. O professor porém é a peça chave da implantação da educação inclusiva e precisa ter melhor formação,em um processo contínuo e permanente.Essa formação não acontece meramente por cursos de graduação,pós-graduação ou de aperfeiçoamento. A formação continuada com cursos de curta e média duração,é o caminho para garantir a aquisição de competências relevantes para atuar junto a essas crianças.È urgente à necessidade de mudanças nos cursos de formação de professores em geral,com destaque para os cursos da área de educação infantil e seus currículos,os quais devem incluir conteúdos que favoreçam as práticas pedagógicas inclusivas.
O fisioterapeuta,o psicólogo ou o médico colabora com seus conhecimentos mas quem cuida do conteúdo pedagógico é o professor.
¹ “Quem pode dizer onde terminam as possibilidades de aprendizagem de quem tem deficiência?Só com as portas da escola abertas é que poderemos saber.Por isso ela é tão importante.”

Estudantes com deficiência mental severa podem estudar em uma classe regular.A inclusão não admite qualquer tipo de discriminação,e os mais excluídos são sempre os que têm deficiências graves.Há casos entretanto em que a criança não consegue interagir porque está em surto e precisa ser tratada.Para que o professor saiba o momento adequado de encaminhá-lo a um tratamento é necessário manter vínculos com os atendimentos clínico e especializado.


A avaliação de alunos com deficiência mental não deve ser diferenciada porque uma boa avaliação é planejada para todos,aquela em que o aluno aprende a analisar a sua produção de forma crítica e autônoma.Muitas vezes as avaliações servem para ver quem se encaixa nos padrões de aluno ideal do que para medir o progresso de cada um,dentro de suas possibilidades.A função da avaliação não é medir se a criança chegou a um determinado ponto,mas se ela cresceu.Esse mérito vem do esforço pessoal para vencer as suas limitações,e não da comparação com os demais.




Um professor sem capacitação pode ensinar alunos com deficiência.O papel do professor é ser regente de classe e não especialista em deficiência.por exemplo,para ser alfabetizada em língua portuguesa para surdos,conhecida como L2,a criança é atendida por um professor de língua portuguesa capacitado para isso.A função do regente é trabalhar os conteúdos,mas as parcerias entre os profissionais são muito produtivas.
No caso de se ter um cego na turma,o professor não precisa dominar o braile,porque quem escreve é o aluno.

As redes de ensino não estão dando às escolas e aos professores o que é necessário para um bom trabalho com inclusão.Mas como já foi dito a Constituição garante o acesso de todos ao ensino fundamental,sendo que alunos com necessidades especiais devem receber atendimento especializado – preferencialmente – na escola,que não substitui o ensino regular.Entendida a lei,a discussão deve ser a qualidade da educação para todos,e não só para crianças com deficiência. ³ “A inclusão faz parte de um grande movimento pela melhoria do ensino.” Mas é uma inclusão silenciosa.
Mesmo depois de tanto tempo dessa promulgação,alguns diretores e professores ainda acreditam que estudantes com deficiência não conseguem aprender e,em classe,devem apenas brincar ou passar o tempo.Há ainda pais que não aceitam os filhos se relacionando ou estudando com “retardados”,pois acham que isso baixa a qualidade de ensino.Outros acreditam que a deficiência é doença e que os “anormais” devem ser evitados. Muitas escolas privadas não podem manter os custos do atendimento educacional especializado e as públicas não recebem recursos e capacitação.Mas recusar a matrícula é crime.Quando a estrutura não oferece o básico,as parcerias são fundamentais,pois as crianças não podem esperar a escola se preparar.Por isso,na rede pública,feitas as adaptações físicas adequadas e estabelecidas às parcerias,o passo seguinte é cobrar do poder público verba e apoio pedagógico.A escola pública que não recebe apoio pedagógico ou verba tem como opção fazer parcerias com entidades de educação especial,disponíveis na maioria das redes.
O MEC contribui com programas,através da Seesp (Secretaria de Educação Especial do MEC) como o Programa educação inclusiva:direito à diversidade,desenvolvido em todos os Estados e no Distrito Federal,envolvendo 144 municípios-pólo que atuam como multiplicadores para outros municípios de sua área de abrangência.O objetivo é formar gestores e educadores para efetivar a construção de sistemas educacionais inclusivos,tendo como princípio garantir o direito de acesso e permanência com qualidade dos alunos com necessidades educacionais nas escolas de ensino regular.O programa disponibiliza aos sistemas de ensino equipamentos,mobiliários e material pedagógico para implantação de salas de recursos e organização da oferta de atendimento.E tem implantado um conjunto de ações e programas em parceria com dirigentes estaduais e municipais da educação,bem como apoiado a formação continuada dos professores,em diversas áreas,como deficiência mental,auditiva,visual,superdotação/altas habilidades,entre outras.

³.¹“Nós professores temos dificuldades para romper com a idéia de homogeneidade em que fomos formados:a criança ideal,abstrata,que se desenvolve e aprende de uma forma única.Este é o grande desafio que a inclusão impõe à escola:lidar com a diversidade e buscar respostas para as diferentes necessidades educacionais.Trabalhar com o nível de conhecimento,adaptar o ensino ao interesse e ao ritmo de aprendizagem de cada aluno e ajudá-lo a progredir a ater experiências significativas de aprendizagem são a chave da questão.”



Referências bibliográficas:
1.Revista Nova Escola,maio de 2005 – matéria com Maria Teresa Mantoan.
2.Revista Nova Escola,outubro de 2006 – A sociedade em busca de mais tolerância,por Meire Cavalcante.
3.Revista Nova Escola,maio de 2005 – A escola que é de todas as crianças,por Meire Cavalcante.
4.Revista Criança,junho de 2008 – A inclusão de crianças com deficiência cresce,por Rita de Baggio.

Citações:
1.Meire Cavalcante
2.Professora Francisca roseneide Furtado do Monte,consultora do Seesp/MEC.
3.Letícia Santos,produtora de cinema.
1.1 Dorian Mônica Arpini,departamento de Psicologia da UFSM.
2.1.Claudia Dutra Pereira,secretaria de Educação Especial do Ministério da Educação.
3.1 Marilda Bruno,consultora para publicação do MEC,da Universidade Federal de Grande Dourados (MS)