quinta-feira, 30 de abril de 2009

idade X desenvolvimento

Não creio que a idade seja um critério suficiente para determinar o período do desenvolvimento intelectual que uma criança se encontre.Concordo com David Elkind quando diz que o termo estágio,no uso empregado por Piaget ,designa um modo de comportamento numa seqüência necessária de comportamentos que está relacionada com a idade mas não é pó ela determinada. Mas existem fatores que podem interferir nesse desenvolvimento,dissociando suas características da idade própria.Por exemplo,deficiências e transtornos mentais,problemas psicológicos,emocionais ou do meio e até falta de estímulo.Em minha sala de aula tenho alguns alunos que não estão por exemplo no estágio acima citado,embora tenham entre oito e onze anos.
Cada criança é única e embora os estágios sirvam de referência para observarmos não são uma generalidade,no entanto nos permitem ao observarmos algo fora do desenvolvimento regular de cada estágio a auxiliar aqueles que estiverem precisando e trabalhar com suas capacidades e limitações.

quinta-feira, 23 de abril de 2009

Garantido tanto pela LDBE – 96 como pela Resolução CNE/CEB – 2001 o serviço especializado é existente na escola,através da Sala de Recursos,mesmo os alunos com NE freqüentando a aula comum.Tem-se consciência da garantia em Lei de se poder fazer um currículo que contemple inclusive avaliações específicas para esses alunos,com métodos e técnicas de ensino apropriadas,porém, efetivamente não acontece.Os alunos freqüentando a classe comum são atendidos como os demais alunos e também assim avaliados.Esse ano percebo um grande avanço nesse sentido,no meu ponto de vista isso aconteceu porque a professora da SIR estava envolvida com o projeto “Mais educação” no ano passado,assim que chegou à escola.Esse ano tendo mais tempo e disponibilidade tem-se dedicado ao auxílio das professoras das séries iniciais no sentido de construir esses mecanismos de apoio aos alunos com NE,já que na escola por exemplo, temos uma turma com 19 alunos onde 12 foram diagnosticados (mesmo sem laudo médico) como especiais,já não estando distribuídos nas turmas e sim aglomerados na mesma sala .Também o caso de um aluno que coloquei no Dossiê,com 16 anos na quarta série e após várias repetências,esse ano foi encaminhado ao COPA,serviço de atendimento especializado aos portadores de NE.Esse é um dos órgãos que oferece educação especial para o trabalho, visando a sua efetiva integração na vida em sociedade, inclusive condições adequadas para os que não revelarem capacidade de inserção no trabalho competitivo, mediante articulação com os órgãos oficiais afins, bem como para aqueles que apresentam uma habilidade superior nas áreas artística,intelectual ou psicomotora;assim como o CAZON.
Em conversa cotidiana com os colegas,posso concluir que não se sentem capacitados para a integração desses educandos nas classes comuns,pelo contrário,sofrem a angústia de não saber o que fazer ou como agir,mas também não procuram fazer uso dos direitos assegurados na Leis.
A matrícula é garantida aos alunos com NE e isso realmente acontece na escola,até porque as vagas são via SEC,assim já chegam com a freqüência garantida.Realmente fica a critério da escola organizar-se para atender esses alunos,o que não acontece naturalmente.Essa organização tem sido lenta,posso dizer isso porque estou nessa escola há quinze anos e só agora vejo alguma atitude em prol dos alunos com NE,mas principalmente de tanto os professores pedirem auxílio e reclamarem.
Tem-se na escola também uma Sala de Altas Habilidades,que desenvolve um trabalho maravilhoso,porém não era muito bem aceita até então porque os professores consideram mais necessário o atendimento aos alunos com dificuldades de aprendizagem,que é em número muito maior,como já foi citado chegando às vezes a ser a maioria da turma.Então mesmo correndo riscos a SAH é utilizada para auxiliar nos desvios de comportamento também ,o que na escola acontece em grande proporção,principalmente na questão da violência.
Não se vê o apoio dos órgãos estaduais,nem municipais de saúde que deveriam por Lei estar dando assistência.Nos órgãos relacionados à saúde é muito difícil conseguir atendimento,nos postos de saúde,nos hospitais públicos os pais reclamam da demora e da espera por uma simples ficha muitas vezes de triagem.
A escola não tem alunos com deficiência mental ou com graves deficiências múltiplas,nem com necessidades especiais físicas.Não sei se por não haver no entorno ou por ignorância dos pais em seus direitos à escola.Mas a escola possui rampas de acesso nas passarelas,na entrada e nos banheiros e alguns desses são adaptados.

terça-feira, 21 de abril de 2009

Fórum pela Inclusão Escolar
Foi lendo o livro que foi elaborado a partir do Ciclo de Debates Inclusão Escolar:práticas e teorias,ciclo esse realizado em 2008 em Porto Alegre,que percebi as tentativas de nossa cidade em avançar na inclusão escolar.Foram criados os Laboratórios de Aprendizagem,as salas de Recurso,as Turmas de progressão,o sistema de ensino por ciclos,todos aplicações na tentativa de constituir uma escola verdadeiramente inclusiva.Quando o município se articulava nesse propósito o MEC propôs transformar as escolas especiais em centros de atendimento .Aí foi de suma importância à atuação da comunidade escolar envolvida na inclusão,através da realização de muitos encontros,passeatas,documentos e outras formas de contestação onde conseguiram reverter a proposta do MEC e retirar de seu texto de políticas para a educação especial a transformação das escolas em centros.Pelo que entendi foi a partir daí,que sentindo a necessidade de unir forças,de criar elos que surgiu o Fórum Municipal pela Inclusão Escolar,onde se discute o tema gerador e se troca experiências em busca de políticas que causem melhoria da inclusão nas escolas do município .O primeiro Fórum aconteceu ano passado,2008 com a participação de diferentes instituições e pessoas e após um Ciclo de Debates sobre a inclusão escolar.esse Fórum é composto pela Comissão de Educação,Cultura,Esporte e Juventude da Camara Municipal de porto Alegre (CECE),SMED,1ª CRE ,Associação de Trabalhadores em Educação (ATEMPA),Conselho Municipal dos Direitos das Pessoas com Deficiência,representantes da Sala de Integração e Recursos (SIRs) da SMED,dos professores e pais dos alunos de Escolas Especiais.
São ações do Fórum pela Inclusão Escolar:reuniões mensais;organização do Ciclo de Debates e Encontro de Pais;propor,sistematizar e encaminhar as deliberações coletivas surgidas nos diferentes espaços de discussão.O Ciclo de Debates tem como proposição o diálogo e o aprofundamento teórico a respeito do inclusão de alunos com deficiência nas Escolas Regulares e Especiais.
Com o tema: Inclusão Escolar –Práticas e Teorias, o Ciclo se constituiu num conjunto de relatos de experiências ,considerações teóricas e debates entre os relatores e o público,num total de cinco encontros ao longo deste ano,todos sobre os desafios propostos pela Inclusão Escolar.
Forma feitos os seguintes relatos ,nessa ordem:
De professores que atum nas Salas de Integração e Recursos do Município de Porto Alegre e da Escola Regular,apontando as conquistas e dificuldades encontradas nesse processo.
Da Educação Infantil e da EJA também implicados com a inclusão escolar.
Das assessorias da SMED apresentando um pouco da trajetória e organização institucional.
As Escolas Especiais do Município,a Escola Bilíngüe e um representante do segmento de pais contribuíram com seus relatos,experiências e considerações sobre suas trajetórias ,alternativas e desafios para acolher e garantir atendimento aos seus alunos.
Os professores das Universidades contribuíram teoricamente aceitando o desafio de dialogar com os profissionais das diversas escolas ,suas famílias e todos os interessados.
Todos os relatos foram acompanhados por uma reflexão teórica proposta por um debatedor convidado.

“Desta forma fazemos um registro de um marco importante na história da educação em nossa cidade,pautados na ação e reflexão de práticas pedagógicas que fazem da diferença pontos de partida para a construção do conhecimento.” Rejane Caspani Dubois (coordenadora do Fórum pela Inclusão Escolar)

Referência bibliográfica:
Inclusão Escolar:práticas e teorias / organizadoras Isabel Letícia Medeiros,Salete Campos de Moraes & Magali Dias e Souza – Porto Alegre:Redes Editora,2008.

sábado, 11 de abril de 2009

Pude perceber que todos nós temos uma preocupação em comum:garantir a aprendizagem dos alunos especiais.Ou seja,a lei existe mas não basta tê-la,ela só garante a inclusão e também não basta só a gente acolher essas crianças.No meu entendimento o ideal seria que nós trabalhássemos em conjunto com especialistas e tivéssemos recursos necessários.Mas o que sinto é que não temos apoio por parte da secretaria de educação,já que não vivemos uma política transparente ,em se tratando de nosso Estado.Nossas escolas estaduais,que é a realidade na qual atuo,não dispõem de autonomia suficiente para tomar atitudes em que possam definir as prioridades em relação à inclusão.Por exemplo quando se abriu uma sala de recursos na minha escola,achei que teríamos uma orientação e poderíamos juntos aprender a melhor forma de proporcionar aprendizagem aos alunos com necessidades especiais.Mas segundo a SEC para ter acompanhamento na Sala,o aluno precisa de um laudo.E mais uma vê digo:quem diz que os pais têm?Culpa deles?Então se vocês acham, isso tentem conseguir uma consulta num posto do SUS...Aí,sem laudos,a nossa escola,mesmo cheia de casos de inclusão teve a sua professora da sala de recursos “dividida” com outras escolas do entorno,nos sobrando pouquíssimo tempo para os nossos alunos.É uma completa incoerência.Acaba sendo muita carga emocional para um professor,afinal a gente sempre se envolve e quer fazer o melhor pelos alunos,esbarrando na burocracia entre outros fatores,que acabam impedindo que o que está garantido por lei,se torne efetivo.E ainda temos que ouvir que ou não temos boa vontade ou estamos com medo!
“Um governo ou uma escola que dizem promover a inclusão e não destinam verbas a ajudas técnicas,à compra de materiais adequados ou a alterações arquitetônicas para criar acessibilidade não estão pensando em inclusão.” Claudia Werneck

Novas concepções

dentificando epistemologias
A possibilidade de realizar o curso de pedagogia, na forma como este está sendo conduzido, leva-me a uma profissão mais reflexiva e consciente de suas responsabilidades.Lendo minhas respostas percebo nitidamente o crescimento que realizei ao longo desse percurso.Percebo também a importância de olhar para si mesmo,de questionamentos do tipo o que estou fazendo aqui,para que estou indo a escola hoje,amanhã...O que espero do meu aluno da forma como estou desenvolvendo meu trabalho...Conhecimento traduz idéia,informação,conhecer.Mas mais ainda vejo conhecimento como tomada de consciência,percepção de que algo existe e pode ser inserido em cada universo individual e/ou coletivo.Posso ainda considerar conhecimento como experiências,se delas nascerem novas informações e sempre nascerão pois a cada situação que se apresenta o sujeito encontra uma forma ou várias de resolvê-la.Mas não adquiridas e sim vivenciadas,na forma de experimentar,participar,estar envolvido.
A maioria dos professores acaba ensinando de forma muito parecida com aquela que aprendeu,mesmos métodos ou mesma forma de trabalho,muitas vezes não levando em conta as pessoas que estão ali,as diferentes diferenças culturais,sociais , familiares,de aprendizagem entre outras, que encontramos numa sala de aula,sem refletir em como está conduzindo seu trabalho.Sinceramente, acho difícil desenvolver um bom processo de ensino aprendizagem nas turmas que temos atualmente,onde encontramos mais de trinta alunos e muitos com necessidades especiais que precisariam de um atendimento mais adequado,onde se trabalha de uma única maneira para atender trinta ,quarenta formas tão diferentes de entender o mundo e de aprender.Digo isso porque vejo na minha turma essa situação.Aquilo que cada um traz como conhecimento prévio torna muito diversificado o conhecimento que se quer alcançar com a turma.Poderíamos então solicitar que uns auxiliassem os outros,num aprendizado coletivo e solidário?Logicamente,se os alunos trouxessem valores e limites de suas famílias que os orientassem nesse sentido.Porém o que vemos são famílias cada vez mais desestruturadas,sobrevivendo numa sociedade consumista e egoísta,que desvaloriza o saber em detrimento do ter.Delegam e até imputam à escola e ao professor,um papel que deveria ser da família.Lidar com as diferenças econômicas e sociais e com o “déficit cognitivo” não me parece o pior dos problemas,mas com a desvalorização da educação,a banalização da violência e a corrupção dos valores sim.
Não me considero atuante da epistemologia empirista,pois não sou autoritária,nem exijo silêncio integral.Porém acredito firmemente que a disciplina é fundamental em qualquer organização,sem disciplina não há progresso.No meu ponto de vista a atenção,a concentração são fatores necessários ao aprendizado.É preciso estar envolvido na situação apresentada para apropriar-se dela.Isso não acontecerá de forma repetitiva e maçante,sem nenhuma transformação ou novidade,obviamente.Como posso ignorar o conhecimento que meu aluno traz se é a partir e por meio dele que vamos ampliar esses conhecimentos?
Falo de disciplina,atenção,concentração porque não acredito num aprendizado sem direcionamento.Até para aprender a falar precisamos ouvir outras pessoas falarem,aprendemos os conhecimentos prévios com alguém,geralmente isso se processa na família.Por isso também muitas vezes a bagagem de nossos alunos nos choca tanto,nos angustia até.Um aluno meu juntamente com sua mãe e irmã,chutaram tanto a cadelinha deles,prenha,porque o animal havia matado uma pomba amarrada pela pata,que a cadelinha perdeu todos os filhotes.Questionei a atitude e a resposta foi simples,bateram nela porque ela fez algo que não devia.Quantos valores podemos perceber perdidos nessa situação?Como essa família soluciona seus problemas,que conhecimentos esse menino traz consigo para a escola,para o convívio com os demais,como se processa seu aprendizado,o que tudo isso opera nas suas atitudes na escola?Vamos testar a teoria apriorista e deixar esse menino,aprendendo por si mesmo,sem direcioná-lo,sem levá-lo a uma reflexão,a novos conhecimentos e opções de ser cidadão? Aqui é de suma importância avaliar o fato,os conhecimentos apresentados,a bagagem desse menino e principalmente a partir daí levá-lo a uma reflexão,que o possibilite novas opções de resolver seus problemas. “A consciência é, segundo Piaget, construída pelo próprio sujeito na medida em que ele dá coordenação de suas ações,(Becker)”.
Sempre coloco em meus trabalhos aqui do curso que fico muito feliz ao refletir sobre minhas atuações nesses anos de magistério, porque percebo que minha profissão é um dom,mesmo agindo por intuição na maioria das vezes acertei.Mas essa intuição vem de minha bagagem,também de valores que aprendi em minha família e com meus professores na escola.Melhorei muito estudando e pretendo melhorar ainda,aprimorar-me,aperfeiçoar-me,mas minha satisfação está em perceber que estou no caminho certo.Sempre tive comigo que o aluno não é estanque,algo vazio que eu “detentora do saber” daria a honra de preencher.É preciso encontrar meios de levá-los a refletir,a exercitar o cérebro como costumo brincar com eles,interagindo com as situações apresentadas,afinal são capazes de aprender sempre.Cada ano que inicia,busco conhecer o meio que vivem meus alunos,mesmo sendo quase todos da vila,não são iguais suas bagagens,as famílias apresentam muitas diferenciações em suas crenças,histórias de vida,culturas e até em valores.A partir daí começo a construir minha proposta de trabalho,aprendo a forma de falar,algumas expressões,atitudes,até hábitos de vestir e cortes de cabelo tem significado e representam códigos,tem simbolismos e importâncias que se a gente não conhece,não entende.E se não entende não aceita e não consegue conviver,orientar e conduzir o aprendizado,a aula e o crescimento reflexivo dos alunos.Não tratar os hábitos culturais ou a forma de vida deles como algo feio,sujo,sem valor ou menosprezível,como se só meu modelo de vida fosse o ideal,ou seja, respeitando.Porque eu quero que eles pensem no que estão fazendo,porque estão fazendo se é essa a melhor e única maneira de agir e de que forma essas atitudes atingem nosso coletivo,e ate onde esse coletivo tem significância em nossa vida.Permito-me agir assim e não perder de vista os conteúdos programáticos,não é fácil mas não é impossível.Ainda tenho mais dez anos pela frente em sala de aula antes de me aposentar se nada diferente ocorrer.Então preciso me adaptar a essa nova realidade,questionar os rumos da sociedade junto com os alunos,até que ponto é essa trajetória que queremos,onde queremos chegar agindo assim,como será nosso futuro com esse presente que construímos dia-dia,o que realmente importa para nosso crescimento enquanto pessoas? Não adianta ficar só na angústia,reclamando e esbravejando contra o sistema.
Por todos esses argumentos me considero uma atuante da pedagogia relacional,legitimada pelo construtivismo,que no decurso das atividades consegui ampliar minha compreensão de conhecimento e aprendizagem.