sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Educação para surdos:uma conquista

Na verdade, não podemos pensar numa escola para surdos que trabalhe somente com a cultura surda.Dessa forma acredito que estaríamos sim, segmentando mais ainda esse grupo da sociedade como um todo.Penso que é preciso sim, um programa educacional que vislumbre as diversas culturas existentes e que trabalhe de forma bilíngüe.Dessa forma prepara-se a comunidade surda para participar mais ativamente das lutas pelos seus direitos com equidade e imparcialidade.
Essa luta vem acontecendo há anos é parte da história dos surdos no mundo, e já enfrentou grandes batalhas políticas.Como sabemos, política é negociação, então quando convém ao lado do poder, são feitas “concessões” e consegue-se legalizar aquilo que numa sociedade democrática e igualitária deveria ser um direito natural. Os surdos não fogem a essa batalha sócio política que se trava há anos, e como a educação está intimamente ligada à política, temos nela seu reflexo.Não há, portanto, motivo para alguém ver os surdos como coitadinho ou incapacitado, isso passou a ser uma visão ignorante.
As mudanças que vem acontecendo são fruto da união dos surdos, assumindo sua identidade e valorizando-se, assim fazendo-se respeitar e conseguindo novas conquistas.Quanto mais próximos e coesos estiverem, mais serão “vistos”, mas primeiro precisam se enxergar, aprender LIBRAS, exigir em grupo e organizadamente seus direitos e entre eles a melhoria do sistema educacional para surdos.Hoje em dia já está bastante solidificada essa participação, as pessoas ficam encantadas de verem os surdos conversando em LIBRAS, e tem vontade de aprender para poder comunicar-se com eles, já considero uma grande mudança dentro do que estudamos que vinha acontecendo em nossa sociedade através dos séculos.Conheço instituição de surdos só de ouvir falar, aqui na Zona Norte temos uma escola específica e sempre nas paradas encontramos pessoas surdas saindo da aula e conversando fluentemente.Poderia haver um incentivo para as pessoas ouvintes aprenderem LIBRAS, cursos gratuitos, algo assim.Mas acho também que é preciso prática para aprender essa língua, e para isso o convívio é fundamental.Por isso a participação dos surdos em meio aos ouvintes é cada vez mais e importante, fazendo-se presente e mostrando a necessidade de aprendermos a nos comunicar uns com os outros.

alfabetização ,só no segundo ano?

Nas leituras, da entrevista com Magda Soares, por exemplo, pra mim que não tenho experiência com alfabetização e tenho ainda bastante receio quanto a trabalhar com essa etapa da escolarização, achei muito interessante quando ela coloca que os fonemas das vogais nem sempre são equivalentes, como a de avião e a de anta, anasalado pelo n. Como isso é importante ser levado em consideração quando realizarmos um projeto de alfabetização.
Acredito ser importante também, a questão que Magda levanta sobre o livro didático. Nossa realidade é que os livros didáticos em sua grande maioria não atendem as necessidades regionais da escolarização,são feitos para alunos do Rio de Janeiro ou São Paulo e na maioria das vezes não levam em consideração as diversidades existentes.Além do grau de dificuldades e até o tamanho dos textos ser muito complexo,fazendo com que o usemos muito pouco no propósito a que se destina.Começa pela escolha desses livros,passamos turnos escolhendo,mandamos três opções e recebemos uma edição completam,ente diferente das propostas!
Em minha escola, quando trouxe gibis ara os alunos eles na maioria nunca tinham visto um. Papel pra eles é para reciclar e vender...
Não sei se gostaria de alfabetizar porque ainda não tive essa experiência, talvez venha a gostar e dessa forma possa ser uma “boa alfabetizadora”. A verdade é que é preciso muuuuuita paciência,doação e amor.

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Alfabetização e letramento

Ainda me assusta bastante a alfabetização, por isso recuso a oferta que já me foi feita algumas vezes aqui na escola. Justamente por refletir a cerca de qual método utilizar para tal aprendizagem.Encontrei no texto de Magda Soares uma explicação para esse meu receio,além de achar que não entendo bem ainda o processo e de que é uma grande responsabilidade como ela diz “a etapa da alfabetização é a mais desafiadora do ensino”.Passei a perceber que o mais importante não é como ensinar mas observar como a criança aprende, e cada um pode aprender em tempo diferente e por caminhos diferentes.A partir daí se utiliza método(s), sempre acompanhados de conhecimentos prévios que o professor (nós) precisa buscar,sobre as etapas e o como acontece o aprendizado da língua escrita.Percebo também que as crianças aprender a ler e escrever de forma sistemática,mecânica por assim dizer,e quando vão avançando as séries como não sabem compreender o que estão lendo, acabam não conseguindo construir novos conhecimentos,os quais dependem do que chamamos de interpretação.Lendo sobre consciência fonológica foi possível entender melhor o que acontece quando as crianças respondem as nossas solicitações de palavras e como se processa o raciocínio delas nesse sentido,a necessidade de levar-se a criança a perceber que palavras são sons que emitimos e depois ir “desmembrando” esses sons.E depois ainda partir para a consciência fonêmica que realmente,é muito mais difícil para as crianças,mas que se percebe nitidamente o alcance dessas etapas no decorrer do trabalho.
Assim considero que meu plano de aula,embora simples,esteja de acordo com as leituras realizadas, com a teoria sugerida.Mesmo não sendo feito para uma classe de alfabetização, eu pude contextualizar as experiências de meus alunos, trazer isso para a sala de aula e transformar em assunto de interesse incentivando a leitura, produção de texto, crítica reflexiva, e ainda trabalhar com algumas palavras, seus significados sua escrita correta.Procurei usar de criatividade e de recursos que estão disponíveis aos alunos.

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Importância dos temas geradores

Quando iniciei minha carreira no magistério, recebi todos os conteúdos programáticos pré determinados e a partir dele elaborava meus planejamentos.Até aí não vejo nada demais ainda se pensarmos que precisamos partir de um objetivo para depois nos organizarmos.De lá pra cá,vinte anos depois,pouca coisa mudou na realidade das escolas,continuamos trabalhando com os famosos conteúdos mínimos e colocando no caderno,porque duvido que fique na mente,dos alunos aquilo que já se determinou.A grande questão é que esses conteúdos em pouco dizem na realidade dos educandos,a maioria desses assuntos não tem efetivo valor para eles e nós passamos anos a fio repetindo como se fosse algo extremamente indispensável.Dessa forma acabamos exercendo aquilo que Paulo Freire chama de função bancária ,fazendo dos alunos depósitos de conhecimentos que eles sequer retêm por muito tempo.Apesar das lutas em prol de uma educação crítica e formadora de cidadãos participativos ,continuamos presos as culturas dominantes e seus saberes ditos ideais.Aqui é preciso colocar a necessidade de valorizar os saberes que cada aluno e suas experiências como pessoas.
É aqui que se encaixa a importância dos temas geradores,e o cuidado que devemos ter ao trabalhar com eles,para não fazermos repetidamente o papel de depositários,procurando doutrinar nossos alunos como se só houvesse a verdade que se ensina na escola.Na proposta de temas geradores os alunos podem expandir suas possibilidades enquanto seres humanos,enriquecidos por suas experiências e vivências pessoais,não mais se esgotando nos conhecimentos padronizados.É preciso que estabeleçamos esse diálogo,que passemos a aprender com nossos alunos,sua cultura,suas habilidades e esse aprendizado acontece no desenvolver de temas geradores pois que passamos a conviver com os saberes dos outros e não somos mais os únicos detentores de tal sabedoria.
O trabalho baseado em temas geradores permite a reflexão e a busca de opções,alternativas de como resolver certas questões.Ao tentar encontrar essas soluções os alunos acabam buscando as informações necessárias para isso e assim integrando os conhecimentos científicos que possam utilizar,num aprender contínuo e crescente,a partir de suas necessidades.A base dessa proposta são os sujeitos de nosso trabalho,que são vistos como sujeitos sociais,culturais,capazes e precisando apenas de orientação para se descobrirem.

Quem é o aluno da EJA

O aluno da EJA tem mais interesse em aproveitar o tempo que estão na escola, pois tem objetivos nítidos e concretos para sua escolarização. A linguagem utilizada pelos alunos da EJA pode modificar-se para alcançar determinados objetivos,como fazer-se entender e ser valorizado por a quem se dirige. Todos são inteligentes e tem capacidade de aprender e trazem conhecimentos, competências e habilidades necessários e adquiridos em suas vivências pessoais. Os jovens e adultos que freqüentam a EJA buscam inserção na comunidade,melhoria da condição de vida e respeito da família.
Podem ter dificuldade de operação com categorias abstratas, dificuldade de utilização de estratégias de planejamento e controle da própria atividade cognitiva, bem como pouca utilização de procedimentos meta cognitivos,mas isso não é uma regra e ainda, desenvolvem grandes habilidades e competências que se bem trabalhadas e orientadas, com temas significativos á sua realidade podem desenvolver essas áreas do pensamento.
A escola tem propostas e metodologias que se baseiam num ideal de sociedade, de comunicação e de valores que é próprio da instituição e todos acreditam estar lá para receberem esses conhecimentos, desvalorizando muitas vezes (na maioria delas) outras formas de saber e os conhecimentos trazidos pelos alunos, sua cultua, seus saberes. Por isso a escola tem uma linguagem própria também,e os alunos jovens e adultos muitas das vezes não completaram seus estudos por não compreenderem bem essa linguagem,já chegam frustrados e inseguros com essa condição.O aluno vem de uma jornada de trabalho exaustiva,muitas vezes sem alimentação,cansado e desestimulado quando adulto e se jovem,vem com estigma de indisciplinado e incapaz de aprender.Os conteúdos pré determinados da escola não tem significado efetivo para esses alunos.Os professores muitas vezes empregam metodologias estanques e não percebem a realidade dos alunos,seus interesses e necessidades.O aluno da EJA apresentado pela autora encontra algumas semelhanças em nosso estado, mas não acredito que seja a maioria. Realmente a maioria dos pais dos nossos alunos são trabalhadores rurais,mas que migraram para a cidade em busca de uma vida melhor e acabaram instalando-se nas vilas,em casas com pouco conforto e muitas vezes na miséria.Esses tornam-se recicladores,catadores de lixo,carroceiros.Assim,seus filhos não tem grande incentivo para seguir nos estudos,preferindo que trabalhem para ajudar no sustento da família,o que muitas vezes causa o abandono da escola no tempo hábil e que depois ocasiona a freqüência da EJA.Com certeza não são mais crianças,mas compõem-se em grupos diferentes,os adultos que buscam aprender para melhorar a qualidade de vida e os adolescentes que de geralmente por problemas disciplinares e/ou de aprendizagem acabam sendo literalmente expulsos do diurno e também freqüentando a EJA.
O adulto que freqüenta a EJA geralmente já formou sua própria família e provê seu sustento, tem experiência maior de vida e valoriza mais o aprendizado, toda conquista é uma vitória, consegue perceber que o conhecimento transforma e melhora a perspectiva de vida.
Na questão do pensamento, mais propriamente da aprendizagem a autora diz que todos somos capazes de aprender, independentemente da idade cronológica, diferenciando-se esse aprendizado de acordo como fomos criados, em que meio, qual formação cultural recebemos, mas principalmente que essas diferenças são saberes que podem ser partilhados entre alunos e professores.Nesse ponto concordo na forma como aprendemos,o que foi prioritário em termos de conhecimentos e na valorização que aprender e crescer como ser humano foi inserida em nossa mente.

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Porque projetos

O trabalho por Projetos tem início com a escolha dos assuntos e/ou temas pelos alunos. Assim já começa com satisfação em realizar-se partindo do interesse deles, o que torna a aprendizagem muito mais significativa. Ao fazerem essa escolha desenvolvem a autonomia e aprendem a trabalhar com democracia, mostrando sua opinião e respeitando a dos colegas. Dentro dos aspectos positivos coloco ainda o aprendizado por construção, a cada nova descoberta um novo conhecimento e o desenvolvimento de capacidades como pesquisa, produção de textos, criatividade.
Os desafios estão presentes, principalmente na hora da escolha do tema, conseguir administrar essa escolha e mesmo assim manter o envolvimento e interesse de todos em participar. Temos ainda a questão dos recursos, que vai desde apoio familiar até biblioteca aberta, opções de pesquisa como Internet, jornais, revistas e outras que muitos alunos não tem. A aceitação desse tipo de proposta pelos colegas, pela família também ainda é difícil, pois a maioria está arraigada nas avaliações sob forma de provas e as notas.
Podemos perceber semelhanças no trabalho com projetos aplicado nas diferentes etapas da escolarização,partem de um tema de interesse dos alunos. A partir daí são orientados pela professora a ampliar os conhecimentos que já possuem sobre esse tema, fazendo dessa proposta um projeto de estudos. Quando o tema começa a se desenvolver vão surgindo novas questões que permitem interligar diversas disciplinas e áreas de conhecimento e suas realidades. É necessário em qualquer etapa de ensino,para o sucesso de um projeto que ele seja devidamente organizado mas que seja flexível permitindo alterações ao longo de seu desenvolvimento. O envolvimento dos alunos é enorme, querem manifestar o que sabem, sentem-se satisfeitos e orgulhosos em contribuir, melhorando sua confiança e auto estima, o que acredito de suma importância para um aprendizado efetivo. Pode-se nos projetos, explorar os mais diferentes recursos, a criatividade se expande. A diferença que vejo é mais relevante quanto à condição social que não permite tantos recursos, do que a etapa de escolarização, ficando bem nítido nos dois vídeos assistidos, e que faz com que precisemos oferecer mais diversificada gama de opções quanto à criatividade.

História da educação dos surdos

Não pude deixar de me emocionar com a história de Helen Keller e sua professora Anne Sullivan, ao perceber como uma pessoa pode modificar beneficamente a vida de outra e nesse caso, com tantas dificuldades, porque se o surdo não ouve, como diria Sócrates qual outra forma de comunicar-se que não seja usando os sinais do corpo e para tanto precisam da visão.
Casualmente (ou não), essa semana peguei uma revista na casa de minha mãe que falava em Helen Keller, como exemplo que pais de trigêmeas viram no filme que conta sua história junto a Anne Sullivan, de como ela “estimulou o sentido do tato para reconectar sua aluna com o mundo”. O interesse dos pais advém do fato das trigêmeas serem todas surdas e cegas, as únicas do mundo. Fiquei surpresa em saber que nos EUA existem 45 mil pessoas surdas cegas e dessas 11 mil são crianças. A história da família é muito bonita, o pai separou-se e a mãe estava em desespero quando encontrou outro companheiro que até hoje acompanha sua luta cotidiana e faz de tudo por sua nova família. O exemplo de Anne foi estímulo para o casal buscar uma “educadora especial” e aqui entra a relação que faço com a história dos surdos. Embora tenha feito grandes evoluções na área da compreensão dos surdos como pessoas que apenas tem uma deficiência, mesmo nos EUA, país de primeiro mundo, ainda existem as dificuldades burocráticas, financeiras e sociais que são empecilho para alguns surdos conseguirem aprender cada vez mais.
Acredito que as comunidades surdas são de suma importância para que possam se fortalecer, encontrando sociabilidade e independência para mim é a grande mola propulsora da auto estima dos surdos, poderem manter sua identidade, com liberdade e auto confiança.Ainda temos curiosidade sim, em relação ao universo dos surdos, não sou hipócrita dizer que não. Mas de forma nenhuma acredito que as pessoas o façam como antes , se estivm vendo aberrações e sim com admiração e certa comoção, principalmente ao vê-los como outro dia, em conversação. Tamanha habilidade em processar, mostrar e desvendar os sinais que utilizam, quando nós não conseguimos nem acompanhar a mudança de um sinal para outro, bem diferente do menino selvagem Victor do filme,O menino selvagem, que vivia isolado e animalizado por sua condição e por sua imagem frente à sociedade e que pela visão evolutiva de Jean Itard é trazido de volta a dignidade.