sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Educação para surdos:uma conquista

Na verdade, não podemos pensar numa escola para surdos que trabalhe somente com a cultura surda.Dessa forma acredito que estaríamos sim, segmentando mais ainda esse grupo da sociedade como um todo.Penso que é preciso sim, um programa educacional que vislumbre as diversas culturas existentes e que trabalhe de forma bilíngüe.Dessa forma prepara-se a comunidade surda para participar mais ativamente das lutas pelos seus direitos com equidade e imparcialidade.
Essa luta vem acontecendo há anos é parte da história dos surdos no mundo, e já enfrentou grandes batalhas políticas.Como sabemos, política é negociação, então quando convém ao lado do poder, são feitas “concessões” e consegue-se legalizar aquilo que numa sociedade democrática e igualitária deveria ser um direito natural. Os surdos não fogem a essa batalha sócio política que se trava há anos, e como a educação está intimamente ligada à política, temos nela seu reflexo.Não há, portanto, motivo para alguém ver os surdos como coitadinho ou incapacitado, isso passou a ser uma visão ignorante.
As mudanças que vem acontecendo são fruto da união dos surdos, assumindo sua identidade e valorizando-se, assim fazendo-se respeitar e conseguindo novas conquistas.Quanto mais próximos e coesos estiverem, mais serão “vistos”, mas primeiro precisam se enxergar, aprender LIBRAS, exigir em grupo e organizadamente seus direitos e entre eles a melhoria do sistema educacional para surdos.Hoje em dia já está bastante solidificada essa participação, as pessoas ficam encantadas de verem os surdos conversando em LIBRAS, e tem vontade de aprender para poder comunicar-se com eles, já considero uma grande mudança dentro do que estudamos que vinha acontecendo em nossa sociedade através dos séculos.Conheço instituição de surdos só de ouvir falar, aqui na Zona Norte temos uma escola específica e sempre nas paradas encontramos pessoas surdas saindo da aula e conversando fluentemente.Poderia haver um incentivo para as pessoas ouvintes aprenderem LIBRAS, cursos gratuitos, algo assim.Mas acho também que é preciso prática para aprender essa língua, e para isso o convívio é fundamental.Por isso a participação dos surdos em meio aos ouvintes é cada vez mais e importante, fazendo-se presente e mostrando a necessidade de aprendermos a nos comunicar uns com os outros.

alfabetização ,só no segundo ano?

Nas leituras, da entrevista com Magda Soares, por exemplo, pra mim que não tenho experiência com alfabetização e tenho ainda bastante receio quanto a trabalhar com essa etapa da escolarização, achei muito interessante quando ela coloca que os fonemas das vogais nem sempre são equivalentes, como a de avião e a de anta, anasalado pelo n. Como isso é importante ser levado em consideração quando realizarmos um projeto de alfabetização.
Acredito ser importante também, a questão que Magda levanta sobre o livro didático. Nossa realidade é que os livros didáticos em sua grande maioria não atendem as necessidades regionais da escolarização,são feitos para alunos do Rio de Janeiro ou São Paulo e na maioria das vezes não levam em consideração as diversidades existentes.Além do grau de dificuldades e até o tamanho dos textos ser muito complexo,fazendo com que o usemos muito pouco no propósito a que se destina.Começa pela escolha desses livros,passamos turnos escolhendo,mandamos três opções e recebemos uma edição completam,ente diferente das propostas!
Em minha escola, quando trouxe gibis ara os alunos eles na maioria nunca tinham visto um. Papel pra eles é para reciclar e vender...
Não sei se gostaria de alfabetizar porque ainda não tive essa experiência, talvez venha a gostar e dessa forma possa ser uma “boa alfabetizadora”. A verdade é que é preciso muuuuuita paciência,doação e amor.

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Alfabetização e letramento

Ainda me assusta bastante a alfabetização, por isso recuso a oferta que já me foi feita algumas vezes aqui na escola. Justamente por refletir a cerca de qual método utilizar para tal aprendizagem.Encontrei no texto de Magda Soares uma explicação para esse meu receio,além de achar que não entendo bem ainda o processo e de que é uma grande responsabilidade como ela diz “a etapa da alfabetização é a mais desafiadora do ensino”.Passei a perceber que o mais importante não é como ensinar mas observar como a criança aprende, e cada um pode aprender em tempo diferente e por caminhos diferentes.A partir daí se utiliza método(s), sempre acompanhados de conhecimentos prévios que o professor (nós) precisa buscar,sobre as etapas e o como acontece o aprendizado da língua escrita.Percebo também que as crianças aprender a ler e escrever de forma sistemática,mecânica por assim dizer,e quando vão avançando as séries como não sabem compreender o que estão lendo, acabam não conseguindo construir novos conhecimentos,os quais dependem do que chamamos de interpretação.Lendo sobre consciência fonológica foi possível entender melhor o que acontece quando as crianças respondem as nossas solicitações de palavras e como se processa o raciocínio delas nesse sentido,a necessidade de levar-se a criança a perceber que palavras são sons que emitimos e depois ir “desmembrando” esses sons.E depois ainda partir para a consciência fonêmica que realmente,é muito mais difícil para as crianças,mas que se percebe nitidamente o alcance dessas etapas no decorrer do trabalho.
Assim considero que meu plano de aula,embora simples,esteja de acordo com as leituras realizadas, com a teoria sugerida.Mesmo não sendo feito para uma classe de alfabetização, eu pude contextualizar as experiências de meus alunos, trazer isso para a sala de aula e transformar em assunto de interesse incentivando a leitura, produção de texto, crítica reflexiva, e ainda trabalhar com algumas palavras, seus significados sua escrita correta.Procurei usar de criatividade e de recursos que estão disponíveis aos alunos.

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Importância dos temas geradores

Quando iniciei minha carreira no magistério, recebi todos os conteúdos programáticos pré determinados e a partir dele elaborava meus planejamentos.Até aí não vejo nada demais ainda se pensarmos que precisamos partir de um objetivo para depois nos organizarmos.De lá pra cá,vinte anos depois,pouca coisa mudou na realidade das escolas,continuamos trabalhando com os famosos conteúdos mínimos e colocando no caderno,porque duvido que fique na mente,dos alunos aquilo que já se determinou.A grande questão é que esses conteúdos em pouco dizem na realidade dos educandos,a maioria desses assuntos não tem efetivo valor para eles e nós passamos anos a fio repetindo como se fosse algo extremamente indispensável.Dessa forma acabamos exercendo aquilo que Paulo Freire chama de função bancária ,fazendo dos alunos depósitos de conhecimentos que eles sequer retêm por muito tempo.Apesar das lutas em prol de uma educação crítica e formadora de cidadãos participativos ,continuamos presos as culturas dominantes e seus saberes ditos ideais.Aqui é preciso colocar a necessidade de valorizar os saberes que cada aluno e suas experiências como pessoas.
É aqui que se encaixa a importância dos temas geradores,e o cuidado que devemos ter ao trabalhar com eles,para não fazermos repetidamente o papel de depositários,procurando doutrinar nossos alunos como se só houvesse a verdade que se ensina na escola.Na proposta de temas geradores os alunos podem expandir suas possibilidades enquanto seres humanos,enriquecidos por suas experiências e vivências pessoais,não mais se esgotando nos conhecimentos padronizados.É preciso que estabeleçamos esse diálogo,que passemos a aprender com nossos alunos,sua cultura,suas habilidades e esse aprendizado acontece no desenvolver de temas geradores pois que passamos a conviver com os saberes dos outros e não somos mais os únicos detentores de tal sabedoria.
O trabalho baseado em temas geradores permite a reflexão e a busca de opções,alternativas de como resolver certas questões.Ao tentar encontrar essas soluções os alunos acabam buscando as informações necessárias para isso e assim integrando os conhecimentos científicos que possam utilizar,num aprender contínuo e crescente,a partir de suas necessidades.A base dessa proposta são os sujeitos de nosso trabalho,que são vistos como sujeitos sociais,culturais,capazes e precisando apenas de orientação para se descobrirem.

Quem é o aluno da EJA

O aluno da EJA tem mais interesse em aproveitar o tempo que estão na escola, pois tem objetivos nítidos e concretos para sua escolarização. A linguagem utilizada pelos alunos da EJA pode modificar-se para alcançar determinados objetivos,como fazer-se entender e ser valorizado por a quem se dirige. Todos são inteligentes e tem capacidade de aprender e trazem conhecimentos, competências e habilidades necessários e adquiridos em suas vivências pessoais. Os jovens e adultos que freqüentam a EJA buscam inserção na comunidade,melhoria da condição de vida e respeito da família.
Podem ter dificuldade de operação com categorias abstratas, dificuldade de utilização de estratégias de planejamento e controle da própria atividade cognitiva, bem como pouca utilização de procedimentos meta cognitivos,mas isso não é uma regra e ainda, desenvolvem grandes habilidades e competências que se bem trabalhadas e orientadas, com temas significativos á sua realidade podem desenvolver essas áreas do pensamento.
A escola tem propostas e metodologias que se baseiam num ideal de sociedade, de comunicação e de valores que é próprio da instituição e todos acreditam estar lá para receberem esses conhecimentos, desvalorizando muitas vezes (na maioria delas) outras formas de saber e os conhecimentos trazidos pelos alunos, sua cultua, seus saberes. Por isso a escola tem uma linguagem própria também,e os alunos jovens e adultos muitas das vezes não completaram seus estudos por não compreenderem bem essa linguagem,já chegam frustrados e inseguros com essa condição.O aluno vem de uma jornada de trabalho exaustiva,muitas vezes sem alimentação,cansado e desestimulado quando adulto e se jovem,vem com estigma de indisciplinado e incapaz de aprender.Os conteúdos pré determinados da escola não tem significado efetivo para esses alunos.Os professores muitas vezes empregam metodologias estanques e não percebem a realidade dos alunos,seus interesses e necessidades.O aluno da EJA apresentado pela autora encontra algumas semelhanças em nosso estado, mas não acredito que seja a maioria. Realmente a maioria dos pais dos nossos alunos são trabalhadores rurais,mas que migraram para a cidade em busca de uma vida melhor e acabaram instalando-se nas vilas,em casas com pouco conforto e muitas vezes na miséria.Esses tornam-se recicladores,catadores de lixo,carroceiros.Assim,seus filhos não tem grande incentivo para seguir nos estudos,preferindo que trabalhem para ajudar no sustento da família,o que muitas vezes causa o abandono da escola no tempo hábil e que depois ocasiona a freqüência da EJA.Com certeza não são mais crianças,mas compõem-se em grupos diferentes,os adultos que buscam aprender para melhorar a qualidade de vida e os adolescentes que de geralmente por problemas disciplinares e/ou de aprendizagem acabam sendo literalmente expulsos do diurno e também freqüentando a EJA.
O adulto que freqüenta a EJA geralmente já formou sua própria família e provê seu sustento, tem experiência maior de vida e valoriza mais o aprendizado, toda conquista é uma vitória, consegue perceber que o conhecimento transforma e melhora a perspectiva de vida.
Na questão do pensamento, mais propriamente da aprendizagem a autora diz que todos somos capazes de aprender, independentemente da idade cronológica, diferenciando-se esse aprendizado de acordo como fomos criados, em que meio, qual formação cultural recebemos, mas principalmente que essas diferenças são saberes que podem ser partilhados entre alunos e professores.Nesse ponto concordo na forma como aprendemos,o que foi prioritário em termos de conhecimentos e na valorização que aprender e crescer como ser humano foi inserida em nossa mente.

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Porque projetos

O trabalho por Projetos tem início com a escolha dos assuntos e/ou temas pelos alunos. Assim já começa com satisfação em realizar-se partindo do interesse deles, o que torna a aprendizagem muito mais significativa. Ao fazerem essa escolha desenvolvem a autonomia e aprendem a trabalhar com democracia, mostrando sua opinião e respeitando a dos colegas. Dentro dos aspectos positivos coloco ainda o aprendizado por construção, a cada nova descoberta um novo conhecimento e o desenvolvimento de capacidades como pesquisa, produção de textos, criatividade.
Os desafios estão presentes, principalmente na hora da escolha do tema, conseguir administrar essa escolha e mesmo assim manter o envolvimento e interesse de todos em participar. Temos ainda a questão dos recursos, que vai desde apoio familiar até biblioteca aberta, opções de pesquisa como Internet, jornais, revistas e outras que muitos alunos não tem. A aceitação desse tipo de proposta pelos colegas, pela família também ainda é difícil, pois a maioria está arraigada nas avaliações sob forma de provas e as notas.
Podemos perceber semelhanças no trabalho com projetos aplicado nas diferentes etapas da escolarização,partem de um tema de interesse dos alunos. A partir daí são orientados pela professora a ampliar os conhecimentos que já possuem sobre esse tema, fazendo dessa proposta um projeto de estudos. Quando o tema começa a se desenvolver vão surgindo novas questões que permitem interligar diversas disciplinas e áreas de conhecimento e suas realidades. É necessário em qualquer etapa de ensino,para o sucesso de um projeto que ele seja devidamente organizado mas que seja flexível permitindo alterações ao longo de seu desenvolvimento. O envolvimento dos alunos é enorme, querem manifestar o que sabem, sentem-se satisfeitos e orgulhosos em contribuir, melhorando sua confiança e auto estima, o que acredito de suma importância para um aprendizado efetivo. Pode-se nos projetos, explorar os mais diferentes recursos, a criatividade se expande. A diferença que vejo é mais relevante quanto à condição social que não permite tantos recursos, do que a etapa de escolarização, ficando bem nítido nos dois vídeos assistidos, e que faz com que precisemos oferecer mais diversificada gama de opções quanto à criatividade.

História da educação dos surdos

Não pude deixar de me emocionar com a história de Helen Keller e sua professora Anne Sullivan, ao perceber como uma pessoa pode modificar beneficamente a vida de outra e nesse caso, com tantas dificuldades, porque se o surdo não ouve, como diria Sócrates qual outra forma de comunicar-se que não seja usando os sinais do corpo e para tanto precisam da visão.
Casualmente (ou não), essa semana peguei uma revista na casa de minha mãe que falava em Helen Keller, como exemplo que pais de trigêmeas viram no filme que conta sua história junto a Anne Sullivan, de como ela “estimulou o sentido do tato para reconectar sua aluna com o mundo”. O interesse dos pais advém do fato das trigêmeas serem todas surdas e cegas, as únicas do mundo. Fiquei surpresa em saber que nos EUA existem 45 mil pessoas surdas cegas e dessas 11 mil são crianças. A história da família é muito bonita, o pai separou-se e a mãe estava em desespero quando encontrou outro companheiro que até hoje acompanha sua luta cotidiana e faz de tudo por sua nova família. O exemplo de Anne foi estímulo para o casal buscar uma “educadora especial” e aqui entra a relação que faço com a história dos surdos. Embora tenha feito grandes evoluções na área da compreensão dos surdos como pessoas que apenas tem uma deficiência, mesmo nos EUA, país de primeiro mundo, ainda existem as dificuldades burocráticas, financeiras e sociais que são empecilho para alguns surdos conseguirem aprender cada vez mais.
Acredito que as comunidades surdas são de suma importância para que possam se fortalecer, encontrando sociabilidade e independência para mim é a grande mola propulsora da auto estima dos surdos, poderem manter sua identidade, com liberdade e auto confiança.Ainda temos curiosidade sim, em relação ao universo dos surdos, não sou hipócrita dizer que não. Mas de forma nenhuma acredito que as pessoas o façam como antes , se estivm vendo aberrações e sim com admiração e certa comoção, principalmente ao vê-los como outro dia, em conversação. Tamanha habilidade em processar, mostrar e desvendar os sinais que utilizam, quando nós não conseguimos nem acompanhar a mudança de um sinal para outro, bem diferente do menino selvagem Victor do filme,O menino selvagem, que vivia isolado e animalizado por sua condição e por sua imagem frente à sociedade e que pela visão evolutiva de Jean Itard é trazido de volta a dignidade.

domingo, 18 de outubro de 2009

pensando sobre o curso

Hoje resolvi fazer uma reflexão de como está sendo esse momento/semestre na minha vida.Tenho tido muitas dificuldades devido não ter mais computador nem Internet, e assim estou sempre "atrás" com as atividades mas principalmente com as inbterações.Acho que esse é o eixo dos trabalhos em grupo,pois todos professores resolveram adotar essa metodologia, mas talvez não levaram em conta que alguns poderiam estar passando pelas dificuldades que estou.Sinto-me muito frustrada em poder contribuir tão pouco com os colegas , embora estes se mostrem muito solidários e não exerçam nenhum tipo de pressão ou de repressão...Mas não acho justo , a forma como acontecem as conclusões acabam sendo sempre de uma ou duas pessoas e com a qual eu muitas vezes não concordo e se tivesse tido oportunidade de opinar talvez tivesse escrito de outra forma.
Realmente a tecnologia é um serviço grandioso na vida das pessoas mas quando se precisa dela sem poder utilizá-la torna-se um entrave.Por alguns momentos senti até falta de meus velhos cadernos e das reuniões na biblioteca da escola.
Tenho intercalado momentos de frustração com de orgulho , quando consigo realizar uma atividade e postá-la em tempo.Mas a qualidade vem depois do limite?Vendo o quadro de acompanhamento , não tenho nada registrado e no entanto participei (com muito sacrifício) de todos os fóruns!Me sinto perdida e um pouco atrapalhada,embora sabendo que tenho colegas com dificuldades tão ou maiores que as minhas,que envolvem família, saúde, condições psicológicas.
Minha preocupação vai além por que ao conviver diariamente na minha escola cada vez mais percebo que a gestão da mesma não está nem perto do que tenho idealizado após começar esse curso.isso é bom e ruim.Bom por que tenho noção de que podemos fazer muito melhor do que atualmente.Ruim porque o poder está sistematizado e as cartas marcadas já se projetam para uma próxima gestão...
Hoje foi o dia do desabafo...
Desculpem...
Abraços afetuosos

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Aprendendo com a EJA

Acompanhei toda trajetória de minha mãe que há cinco anos atrás se formou pela EJA no ensino fundamental.Os depoimentos que ela dava relatavam que a turma toda tinha grande interesse me aprender, mas principalmente que os professores traziam muitas atividades diferenciadas e que essas atividades envolviam o cotidiano dos alunos e valorizavam seus saberes.Era lindo de ver a satisfação dela em realizar as tarefas e fazendo suas pesquisas e os comentários que tinha acerca da turma e dos professores. Era nítido o motivo pelo qual estavam naquela escola, crescer pessoalmente!Vejo que em pouco tempo as turmas de EJA mudaram muito.Os relatos que tenho ouvido na mesma escola que minha mãe estudou, coincidem com os que ouço na que trabalho, que agora devido a interdisciplina desse nosso curso, tenho tido mais atenção.Os alunos têm muito medo da violência e contam que colegas pararam de estudar e que um motivo seria esse.Os assaltos, aqueles que vem para escola só para traficar drogas e os alunos que vem do diurno porque os professores já não “agüentam mais” e como solução encaminham para EJA.Com isso as turmas tem sido formadas em por poucas pessoas, os professores também temem a violência, mas procuram resgatar a auto estima dos alunos e proporcionam atividades bem diversificadas e prazerosas, buscando o que prega Freire, ”um processo de aprendizagem dinâmico e ativo”.Torna-se óbvio que não se alfabetiza os adultos da mesma forma que as crianças, os métodos não podem ser tão infantis, pois além da faixa etária ainda e mais importante, os interesse são muito diferentes.Porque não “personalizar” um pouco algum método de alfabetização e utilizá-lo de acordo com a turma e seus interesses, vivências e necessidades?Inicialmente é de suma importância fazer o diagnóstico proposto no texto, para saber quais são os saberes do grupo e tomá-los como ponto de partida...

domingo, 4 de outubro de 2009

Quem é surdo?cultura surda e LIBRAS

Quando era criança acreditava que todo surdo era mudo, pois se não ouvia como poderia falar?Além de ser o que os adultos nos diziam e a forma como as pessoas surdas eram denominadas: surdo mudo. Com o decorrer da minha vida,conhecendo tantas pessoas e observando outras tantas,fui percebendo que era uma inverdade , a expressão surdo- mudo.A mude é uma outra deficiência,não tem relação direta com a surdez.O que penso agora é que o surdo não fala porque não conhece o som das palavras,das letras,das sílabas, talvez.Pois aprendemos a falar , a nos comunicarmos oralmente através daquilo que ouvimos.O surdo tem uma perda de audição que pode ser parcial ou até total,mas consegue produzir sons, ri, chora,etc.Na medicina a pessoa que tem essa perda auditiva é chamada de deficiente auditivo,mas não são necessariamente surdos.O surdo é aquele que se percebe como tal, que tem uma identificação como surdo e busca comunicar-se utilizando a língua de sinais , LIBRAS no Brasil, para aprender,interagir , contribuir, modificar o mundo.
Conheci há pouco, um menino de oito anos, filho de um aluno da capoeira. O menino também pratica a capoeira, o que para mim não é nenhuma surpresa, pois em nossos eventos já vi cegos, cadeirantes e também pessoas com diferentes necessidades especiais jogando capoeira, dentro das suas condições.No caso dos surdos gingavam no ritmo da música, pela vibração dos instrumentos e no chão de madeira pela vibração no chão.
O menino que falo, me foi apresentado pelo pai , no momento ficou bastante retraído e me cumprimentou timidamente.Não sei quem estava mais perdido , pois eu
também, pega de surpresa , não soube nem tentar me comunicar com ele de forma “natural” ,queria um abraço mas não sabia pedir.O pai que se comunica com ele em LIBRAS , pediu mas não teve efeito.Depois disso tivemos aula com a professora Carolina e aprendi alguns sinais que ela passou na aula, e que foram suficientes para mudar todo meu relacionamento com meu novo amiguinho.Quando encontrei com ele nesse domingo, perguntei onde estava o pai dele , usando os Inal do “bigode” e fazendo um “cadê” com as mãos.Da resposta eu só entendi que o pai estava por perto, mas foi muito gratificante.Já estava fazendo outra atividade quando ele me cutucou no ombro,quando virei ele me abraçou tão efusivamente,nossa!!!Pode parecer uma bobagem, mas vi o quanto foi importante para esse menino sentir-se participante naquele mundo da capoeira, onde só quem o entendia na verdade era o pai. E respondendo a pergunta seguinte desse trabalho, não conheço LIBRAS , tenho muita vontade de aprender , mas acho que requer muita prática e um convívio maior com surdos , para aprimorar a compreensão dos sinais interligados.Digo isso porquê me pareceu , ao ver a professora com sua intérprete que é necessário muita atenção para acompanhar os sinais,requer habilidades como aprender a falar em outra língua.Então num primeiro momento tentaria me comunicar com qualquer sinal que pudesse me fazer compreender e vice-versa, ou pela escrita.E o principal aspecto da cultura surda, no meu ponto de vista , é realmente a LIBRAS , que facilita a comunicação, a integração e a participação dos surdos.Pelo menos , nós educadores todos , deveríamos ter um curso de LIBRAS , ou um mínimo de conhecimento nessa língua.

EJA - Situação atual

Na escola que trabalho temos EJA.A evasão foi tão grande que tivemos à pouco de fechá-la.A questão social,no caso as adversidades que as camadas populares da sociedade precisam enfrentar ,realmente dificultam a sua escolarização.Nós temos no diurno, crianças com dez anos, no segundo ano repetentes há três,quatro anos e que ainda não estão alfabetizados.essas crianças possivelmente seriam os alunos da EJA,mas no momento já estão "puxando carroça",saindo prá catar recicláveis e vender ,se acostumam com essa qualidade de vida.Quando ficam adultos já desistiram da escola ,talvez lhes pareça que não precisem estudar,tem coisas mais produtivas e/ou importantes para fazer.A conscientização que geralmente é familiar,da importância de estudar, aprender,participar,não acontece pois a família também já sobrevive assim.
Além disso o adulto que trabalha, produzindo seu sustento,exige um mínimo de respeito.Respeito esse que inclui os seus saberes,o conhecimento que eles trazem e que a escola muitas vezes ignora,menospreza ou inferioriza, tornando-se mais um fator de evasão .

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

A quem serve a escola popular brasileira??

A escola pública em geral, no Brasil, atende a parte da sociedade mais carente, a que tem menos condição material e uma qualidade de vida injusta. Por isso,é vista como de ensino sem qualidade,e por muitos apenas uma obrigatoriedade.Prova disso é quando ouvimos as pessoas dizerem “tirei daqui e dali,mas coloquei numa escola particular,para garantir um estudo melhor”.
A escola pública não atende os interesses da população que a freqüenta, e isso é parte de um sistema muito grande que é a sociedade na qual ela está inserida. Vivemos numa sociedade consumista,egoísta e individualista.O tempo todo somos forçados a uma competição acirrada,na busca por empregos,salários,e até relacionamentos.Tal sociedade não poderia gerar sistema educacional diferente do que vivenciamos,onde é cada um por si,reproduzindo a desigualdade social e as discriminações existentes.A escola então tem durante anos seguido o mesmo projeto:formar um grupo considerado capacitado,para que tenha sucesso e mais tarde faça uso desse sucesso e do conceito de bem sucedido que trazem consigo para comandar e sendo superior aquela maioria que não alcançou esse “patamar”,tornar-se chefe,dirigente.
Acontece que se a escola atende os interesses da sociedade, essa sociedade é formada por nós mesmos, que vivemos tão presos ao sistema que não nos damos conta disso. mas do que vive o homem na sociedade,é de seu trabalho e esse é “concedido” por aqueles que tem mais poder.Então numa grande roda viva,os poderosos ditam os interesses financeiros que originam o trabalho para o qual a sociedade é preparada a servir.Nesse contexto,com o avanço da tecnologia ficou cada vez mais desnecessário que se tenha algum conhecimento técnico para trabalhar nas fábricas e indústrias,nos empregos de massa como se diz,que é onde a maioria da população mais carente consegue seus empregos,pois que não avança muito na escolaridade.Então a escola reforçou essa roda viva,valorizando a obediência,o permitido e o não permitido,ordem,disciplina e segmentação dos conteúdos.Cada disciplina tem o seu propósito e portanto os seus conteúdos e uma não toma ciência da outra.Cada professor trabalha em sua linha de ensino,seguindo uma teoria epistemológica e que talvez nem saiba que está seguindo.A questão salarial e o desinteresse dos alunos vem a justificar muitas vezes a acomodação e a falta de vontade de investir em novidades ou mudanças.A nota,o ser aprovado,passa a ser um prêmio para aqueles que apresentam-se capacitados à isso,assim como nos trabalhos os “melhores” tem melhores salários e cargos superiores onde lideram os demais.A escola que valoriza os mais capacitados em detrimento daqueles considerados com menos condições de aprender em relação à esses,está automaticamente validando um sistema onde os alunos vão cada vez menos acreditando em seu potencial,na força de suas idéias e de sua criatividade.dessa forma sentindo-se cada vez mais inferiores e na condição de submissos,cabendo-lhes o mero papel de comandados já que para “ser alguém” na vida é preciso ter estudo e nisso,eles não conseguem ir muito além.
A escola continua servindo aos interesses da sociedade, dentre eles os interesses do mercado trabalhista que agora precisa de trabalhadores flexíveis, disponíveis e interessados pelas questões de sua empresa. Por uma exigência do próprio mercado consumidor,as empresas precisaram adaptar-se a nova realidade,buscando vencer a concorrência e superar a crise econômica e para isso diminuindo custos e aumentando qualidade ,aliando-se com novos recursos tecnológicos.O trabalhador desse sistema precisa saber buscar alternativas,soluções,conhecer outras funções além da sua e também saber utilizar-se dessa nova tecnologia ou pelo menos estar aberto a aprender como utiliza-las.Percebo que existe um discurso por parte do Governo,de liberdade de escolha,autonomia,educação para democracia.Mas estamos agora vinculados à índices de qualidade de ensino e para isso realizamos Prova Brasil e respondemos ao IDEB,para o qual se a escola está “abaixo da média” ganha propostas para melhorar esse índice,do tipo PDE,projeto Mais Educação entre outros.Ou seja,precisa a escola atender as necessidades do mercado,que agora precisa de pessoas articuladas,capacitadas em diferentes habilidades e flexíveis.mas não se considera o meio onde vive nossa população,nem seus reais interesses,muito menos que se aplique uma educação para o crescimento pessoal,a não ser na teoria.Precisamos continuar atentos para que não sejamos instrumentos desse apoderamento que vai, tempos em tempos, dirigindo camufladamente os objetivos da educação e persistir em nossos objetivos enquanto educadores,de formar cidadãos críticos,capazes de refletir e discernir o que é melhor para si e para o grupo em que vivem.

Alfabetização como política cultural

Quem vive a realidade cotidiana da escola pública sabe como bem se aplica esse “capítulo” do texto. Todos os dias são reclamações de colegas e de alunos, que uns não atendem aos anseios dos outros.Continuamos insistindo num currículo inflexível e dissociado entre as disciplinas, com conteúdos para os alunos na maioria sem a menos relevância e utilidade.Impomos a forma correta de falar e de escrever e continuamos ainda repetindo a forma como estudávamos como se a sociedade não tivesse se transformado e como se os alunos estejam sendo criados pelo mesmo tipo de família e no mesmo contexto histórico que nós.
A escola realmente tem sido um grande campo de batalha, os professores cada vez mais desgastados e cansados, os alunos mais e mais descomprometidos. Eles não tem voz nem vez, aquilo que são e representam em sua comunidade, o que sua família é ou faz, para a escola e seus “mestres” não é suficiente, não é digno e não tem valor.Precisam “estudar para ser alguém na vida”,então são ninguém?
Nós professores não vamos ao desespero, pois que conhecemos muitos que já estão quando dizem que desistem, não vão mais insistir, não tem jeito mesmo.E mesmo percebendo que não está funcionando dessa forma, continuam repetindo monotonamente as mesmas estratégias repressivas e inferiorizastes em relação a cultura dos alunos.Preparando os alunos para o mercado de trabalho, para a vida “lá fora”, num doutrinamento considerado ideal e garantia de sucesso, assim vamos repetindo aos resmungos os mesmos currículos, ideologias e práticas que não queremos para nós mesmos, pois são consideradas opressoras.
Me vem uma frase muito adequada a essa reflexão: “Penso,logo existo”.Pois é preciso orientar nossos alunos a pensar, refletir, saber analisar criticamente o que é possível realizar em termos de melhorias , tanto na vida própria quanto como participante de uma comunidade que pode e sabe dizer o que pensa, por isso existe,deve ser ouvida e respeitada.

Educação emancipadora,o poder de ler o mundo

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Para Paulo Freire a ação deve estar sempre comprometida com a transformação, senão não tem sentido. Acreditava que através da educação é que se pode melhorar a condição humana, pois a educação sempre parte de um propósito e se serve a objetivos parte em busca de alguma realização.
Partindo do princípio que a alfabetização deve ser emancipadora, Freire dizia que é um meio para que as pessoas se tornem mais conscientes de suas histórias, de suas experiências e das possíveis transformações que podem realizar enquanto indivíduos e grupo.
Uma alfabetização emancipadora vai além do mecanismo de ler e escrever pressupõe habilidades como refletir, pensar criticamente, tomar consciência. Deve ser ponto de partida para a liberdade de escolha, tomada de decisões, responsabilidade política e social e através dessa conscientização que se espera alcançar uma democracia real e igualitária. Nesse modelo de alfabetização aprendemos todos, alunos e professores se estivermos preparados para aceitar as diferenças como um valor de ser humano, acrescentando cada vez mais conhecimentos que essas diferenças proporcionam

Do momento em que o aluno compreende a necessidade de alfabetizar-se para interagir no mundo a seu redor, cria uma expectativa de participação, de igualdade de direitos e de inclusão social.
A alfabetização então não é só a capacidade de ler e escrever, mas de entender o mundo e poder intervir de forma consciente. Amplia o horizonte do cidadão, abre alternativas de interação, levando-o a perceber-se no contexto, pesquisar sua história de vida, valorizar suas experiências, seu saber e suas competências. Cada vez mais eleva-se sua estima, sua dignidade pois através da comunicação pode manifestar suas idéias e propósitos e contribuir para o crescimento da sociedade.
questão da alfabetização crítica em se relacionando com poder, ultrapassa 0os limites dos códigos e convenções da leitura e da escrita. vai além de saber ler o nome do ônibus,mas num sentido bem mais amplo, saber para onde ele vai,por onde passa , quanto custa a passagem, se eu pega-lo por engano como faço para voltar.Engloba interpretação, entender o que lê, participar da construção das decisões, saber defender suas idéias e sua cultura como algo de valor, como um pertencimento que ninguém pode tirar nem menosprezar.
O “continuar analfabeto” traz grandes significações incutidas, podendo ser prova de resistência ao domínio de outra classe, não aceitação de deixar o seu modo de vida para submeter-se ao que outros acham certo ou importante, pois a bagagem que trazem não é inferior nem errada, é simplesmente própria.
A escola pode estar reforçando essa resistência quando submete todos a uma mesma linguagem, considerada a correta e inferioriza outras formas de expressão, de manifestação. Nós professores precisamos estar atentos a esse jogo de interesses, buscando cada vez mais uma educação para a crítica que nos possibilite junto aos alunos nosso crescimento pessoal, o desenvolvimento de uma consciência coletiva humanitária e igualitária, mas que sempre respeite , valorize e aprenda com as diferenças individuais.

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Comenius e o hoje

Encontro tantas identificações com o pai da didática,Comenius e é incrível, afinal após tantos anos. A primeira identificação é com a educação para todos,no que acredito que não exista criança “perdida”,que não possa ou não mereça aprender. Depois a forma, a de considerar o aluno como um ser pensante e com suas emoções próprias. À partir daí elaborar estratégias de ensino de forma gradativa e não avançar etapas sem a certeza de que a etapa trabalhada atingiu seus objetivos.Me preocupo também com a questão dos conteúdos pré-determinados e que não signifiquem para os alunos.Acredito que é importante os alunos estarem motivados e oferecer-lhes projetos em que os temas geradores partam de suas curiosidades.Procuro utilizar muito nas minhas aulas as artes em geral,brincadeiras,música,teatro.outro elemento comum, é que uso experiências sempre que possível e daí tirem suas conclusões.Acredito que o aprendizado verdadeiro e duradouro,acontece num ambiente amistoso,de diálogo,de confiança e onde o professor é ético e faz o que diz,servindo de exemplo vivo aos alunos.Tenho a mesma preocupação que Comenius,na formação do caráter dos alunos,,em proporcionar-lhes a análise crítica,a formação de suas próprias convicções embasadas no bem comum.
“E de ensinar solidamente, não superficialmente e apenas com palavras, mas encaminhando os alunos para uma verdadeira instrução, para os bons costumes, para a piedade sincera.”¹

1. Fonte:
COMÉNIO, João Amós. Didácta Magna: tratado da arte de ensinar tudo a todos. 4. ed. Lisboa: Fundação
Calouste Gulbenkian, 1996. 525 p.

Falar e escrever:o que é certo e o que é errado???

Lendo o texto lembrei-me de uma saída que fiz com os alunos de quarta série ao Planetário. Na avenida Ipiranga,comentei com os alunos a questão da pichação,num prédio colocado em estado lastimável,porque faziam isso,se não tinha mensagem nenhuma,afinal não dava para entender o que queria dizer.os alunos me revelaram significado,que havia sido feito naquele lugar para chamar a atenção e que essa era a mensagem.Então tornei a questionar mensagem pra quem se a maioria das pessoas não entendia,como eu e de forma tão feia.A resposta foi convicta:”feia para quem não entende,para os pichadores quanto mais difícil o lugar mais moral entre eles,essa é a mensagem principal,a gente existe e vence os obstáculos para dizer isso”.Não preciso dizer que fiquei surpresa e mais uma vez aprendi com meus alunos.
“Texto e discurso (e in¬cluiríamos também oralidade) passam a ser vistos como artefatos produtivos, construtivos de formações sociais, comunidades e identidades sociais dos sujeitos. Nesse sentido, a própria construção do conceito de sujeito é cultural e toda prática social tem seu caráter discursivo”. (Luke, 1996).
A questão de linguagem ou da forma de comunicar-se está sim ligada ao contexto sócio cultural que a pessoas se encontra.Se é certo ou errado,depende de quem avalia.Encontro sempre dificuldades em construir combinações entre verbos,pessoas e mais ainda quando envolvem os tempos verbais.Conversando com as famílias dos alunos pude perceber o quê.Eles falam “errado”,consequentemente os filhos aprendem e falam também.E prá que falar certo?Suas vidas começam e terminam dentro da Vila,e lá todos se entendem falando daquele jeito.Nós mesmos,gaúchos,na grande maioria ao conversarmos omitimos o plural de várias palavras “que frio no meus pé”.Enquanto no Rio de Janeiro por exemplo,usa-se o plural corretamente mas muitas pessoas trocam o l pelo r,”pranta,Framengo” e por aí vai.A diversidade linguística de nosso país é tão grande que é preciso aprender novas palavras e/ou expressões ao sairmos de noso estado.
“Sob o nosso ponto de vista, a escola enfrenta o desafio de incorporar ao currículo essas demandas sociais e culturais e de articular mei¬os para responder a elas. É a era das interlocuções mais amplas.”
E além disso vivemos à época do “internetês” onde troca-se qu por k,x por ch,tudo prá acompanhar a velocidade da vida moderna,pois agora além do tempo não parar,ele também voa.Todos tem muita urg~enia em tudo,até para se comunicar.
Assim vejo que existem muitas diferenças entre o que os alunos falam e aquilo que escrevem,mais ainda com aquilo que leem.E talvez essa diferença é que ause a distância tão grande entre os alunos e as disciplinas,resulktando em desinteresse e cada vez menos produções construtivas.
“A ideia do significado e da provisoriedade dos conhecimentos selecionados e de projetos didáticos diferenciados/articulados/contextualizados para cada aluno e para o coletivo da sala de aula, entre outros aspectos evidentemente, parece uma estratégia pedagógica adequada para fomentar políticas educacionais de inclusão.”

Fonte: A leitura, a escrita e a oralidade como artefatos culturais (DALLA ZEN; TRINDADE, 2002).

terça-feira, 23 de junho de 2009

Mudança de concepções...

As causas para as deficiências mentais são difíceis de identificar,variadas,diversas e suas classificações são muito generalizadas.Pelo que entendi cada tipo de deficiência mental pode ter ainda diferentes níveis ou divergir em algumas características.Pode ter origem nas medidas sanitárias durante a gestação e o parto,pela idade avançada da mãe,alimentação ou ainda surgir da interação de vários fatores biológicos ou psicossociais.
Me chamou a atenção importância de intervir cedo,quanto antes melhor para a melhoria das limitações que os deficientes mentais possam ter no desenvolvimento de suas capacidades relacionadas as suas necessidades básicas enquanto seres humanos que são.Aqui entenda-se por capacidades básicas o cuidado consigo mesmo,desde a mais simples higiene ao controlar suas necessidades fisiológicas,a autonomia e independência em executar tarefas em casa e manusear aparelhos como geladeira,tevê,chuveiro e estendendo-se ao deslocamento fora de casa,ao fazer trajetos ou pegar ônibus.para isso só a família não dá conta,entra aqui a importância da escola como reforço na aquisição dessas capacidades.Podem aprender por imitação,por observação ou por reforço,e na escola ainda podem desenvolver o lado cognitivo e quanto mais praticarem mais amadurecem mesmo dentro de suas limitações.
A grande questão que afeta aos professores que convivo é justamente as exigências que uma educação especial fazem de nós,na mudança ou no aprimoramento de nossas relações com nossos alunos.”Não importa o que o aluno é ou faz,mas o que a escola faz com ele.”è um desafio,desde a dificuldade de ensina-los,o tempo e a paciência que essa tarefa nos exige,passando pela nossa participação no processo de socialização que precisamos trabalhar com todos,e ainda dar conta de cuidar da aquisição de destrezas que os alunos com os quais estamos acostumados já apresentam.Poderia-se realmente pensar num currículo especial (voltar aos tempos passados),mas a variedade nas deficiências é tão grande que se torna impossível,seriam inúmeros de acordo com cada individualidade.realmente as adaptações curriculares para cada caso,dentro do currículo escolar de todos,são mais indicadas.
Outro aspecto que achei de suma importância é a interação e cooperação entre os pais e professores,na troca de informações,na continuidade das combinações em casa e no acompanhamento das evoluções dos alunos.Essa avaliação não pode ser feita só uma vez,como diagnóstico de um problema e fim.Ela precisa ser feita de forma sistemática e de tempos em tempos,ou quando ocorrerem modificações na vida escolar dos alunos com deficiências mentais.Falo da cooperação entre pais e professores,porque só em casa,o trabalho será muito mais lento,árduo e possivelmente não contará com o desenvolvimento na parte cognitiva e social,mas também só a escola,não dará conta desse empreendimento.É preciso que os pais aceitem as necessidades especiais de seus filhos,busquem orientações e trabalhem junto com a escola para a melhoria das condições de vida dos deficientes.

quinta-feira, 18 de junho de 2009

ImportÂncia da educação na civilidade

Kant e ADorno concordam na questão da educação para autonomia,para que os homens sejam capazes de tomar decisões,fazer suas próprias escolhas cientes de suas conseqüências para si e para os outros.Também que através da educação podemos trabalhar questões de ética e de princípios necessárias ao desenvolvimento de seres humanos sociáveis,justos e que respeitem as diversidades existentes em nosso planeta.E ainda que essas questões precisam ser trabalhadas desde cedo,por isso a importância da primeira infância dentro da escola.Num primeiro momento os educando seguem as regras por ainda não poderem julgar por si mesmos,mas depois são educados a fazer melhor uso possível de sua liberdade para que no futuro possam ter autonomia suficiente para manter sua independência e conviver na sociedade,respeitando os direitos dos outros.
Concordam na necessidade de disciplina ,porque o homem tem necessidade de formação. A formação compreende a disciplina e a instrução.Que a educação vem de geração para geração e seus objetivos servem as necessidades da sociedade que dela faz uso ,portanto é necessário sempre revermos os propósitos da educação que estamos desenvolvendo.
“É entusiasmaste pensar que a natureza humana será sempre melhor desenvolvida e aprimorada pela educação, e que é possível chegar a dar àquela forma, a qual em
verdade convém à humanidade. Isso abre a perspectiva para uma futura felicidade da espécie humana.”Kant

educação e autonomia

Na primeira infância,período em que as crianças estão na escola podemos trabalhar com as questões relativas a convivência ,autonomia,liberdade e civilidade.A educação permite e mais que isso,precisa ser campo de reflexão,onde a cada dia busquemos analisar os fatos do cotidiano e suas conseqüências.Levar os alunos a desenvolver ao máximo seu senso crítico para que não sejam joguetes nas mãos de manipuladores que visam apenas seus objetivos individuais onde não interessa se o outro vai ou não estar bem.As crianças conseguem perceber as conseqüências de forma material ou subjetiva e às vezes nas duas formas,mas conseguem faze-lo.Não adianta querermos ficar impondo o que achamos certo,como se fosse uma máxima do universo o adulto dizer o que se deve fazer.Com a expressiva massificação dos meios de comunicação faz-se necessário cada vez mais ,comprovar o que alegamos,mostrar que realmente é o melhor.Isso só se consegue com debates,exemplos e construções coletivas.A educação que nos leva a essas atitudes,uma educação que busque formar pessoas conscientes de seus atos,de suas escolhas principalmente e não só subordinados que digam amém pra tudo e quem sabe mais adiante para algum tipo de violência que nem sequer sabem ao certo porque estão cometendo.É preciso criar regras de igualdade e de cooperação para o bem estar comum mas de modo conjunto,onde todos participem,pensando sobre o que estão elaborando e é esse o verdadeiro sentido da educação.
“A educação só teria pleno sentido como educação para a auto-reflexão crítica. Dado todavia que, como mostra a psicologia profunda,os caracteres em geral, mesmo os que no decorrer da existências chegam a perpetrar os crimes, já se formam na primeira infância, uma educação que queira evitar a reincidência haverá de concentrar-se na primeira infância.”Adorno
Kant diz ainda que o homem é naturalmente selvagem,que primordialmente valoriza sua liberdade e que por isso desde cedo deve freqüentar a escola, pois quanto mais tarde passar a conviver com regras,leis e normas de convivência que o tolhem de sua liberdade total muito mais difícil seria educa-lo,no sentido de viver em sociedade e submeter seus instintos agressivos.
“Entretanto não é suficiente treinar as crianças,urge que ensinemos as crianças a pensar.” Kant

Deficiência mental

Um elemento comum a todas as deficiências mentais é apresentar déficits irreversíveis na atividade mental superior.A pessoa com deficiência é mais lenta para adquirir conhecimentos e isso falando de “velocidades” muito variáveis.São menos eficientes em fazer processamentos,apresentam menores destrezas que se poderia considerar prévias a aprendizagem.A inteligência,como capacidade de aprender e associada a escolarização tem sua medição na psicometria.A idade mental é medida levando em conta o nível de capacidade geral e de aptidões concretas que o indivíduo atingiu em comparação com o nível médio para a sua idade cronológica em relação a maioria das pessoas.Aqui não pude deixar de relacionar com a descrição dos estádios de desenvolvimento estudados e estabelecidos por Piaget,como uma referência para se fazer essa comparação e assim detectar necessidades educativas especiais em nossos alunos.
Uma das características das pessoas com deficiência mental é a dificuldade de tomar decisões.A principio não conseguem elaborar planos,fazer ligação entre pensamentos e atitudes,planejar ações.Por isso a importância da escola como ambiente possibilitador da expressão de vontades e que eduque buscando desenvolver a tomada de decisões.Os deficientes mentais podem apresentar baixa auto estima e grande apego,que são fatores também a serem trabalhados e que podem ser oriundos da visão que as pessoas ao seu redor lhe transmitem,do que demonstram em relação as suas capacidades e habilidades.Assim é mais fácil trabalhar com os deficientes mentais na infância,pois nessa idade as crianças não fazem distinções entre si, e por experiência em minha escola reforço esse parecer.Tem-se que ter cuidado para não criar situações de rotulação,e não é difícil cair nessa armadilha.No ímpeto de proteger ou de ajudar podemos criar efeitos negativos,quando o propósito é justamente evitar a marginalização.

terça-feira, 16 de junho de 2009

Desenvolvimento moral segundo Piaget

Atitudes violentas são parte do cotidiano de minha escola.Os alunos não as vêm sobre o mesmo prisma que nós professores.Algumas são mais leves outras bem graves.Não sei bem se as classifico assim por já estar me acostumando a elas,ou se por realmente podê-las chamar assim.
Na sala de aula não acontecem com freqüência,pois tento conversar sempre sobre isso e também a presença do professor,pelo menos nas séries iniciais coíbe essas atitudes.Mas não quer dizer que não ocorram.Por exemplo,semana passada,um aluno colocou apelido no outro na sala de aula,o que pra mim já é um tipo de violência,porque foi bem pejorativo.O outro revidou com palavrões e o resultado foi uma briga em sala de aula.Mas o mais comum mesmo é as brigas que ocorrem nas filas,onde um empurra o outro,que esbarra no da frente.Esse por sua vez não sabendo quem deu o empurrão agride o colega mais próximo,que esbarrou nele e foi tão vítima quanto.Daí para socos e pontapés é rápido.O pior mesmo é no recreio,onde acontece as “voadeiras” e as agressões em grupo.Mas segundo os alunos,é só “arreganho”.Percebo nas conversas que tenho com eles,que eles não enxergam a dimensão do que estão fazendo.è como se fosse algo normal,parte natural da sua convivência.Não percebem que podem machucar seriamente um colega e que atitudes assim impedem uma convivência harmoniosa .

Concordo com as duas teses que foram apresentadas como explicação dada por outros professores para esse tipo de comportamento.Realmente o meio violento pode sim afetar o modo de ver os outros.Num contexto em que vale o agora e o ter,em que se vive sobre a dominação de um poder paralelo que induz a conquistar as coisas pela força,cria-se uma cultura de não valorização a vida e aos sentimentos.Alguns alunos também refletem as famílias agressivas que tem,mas não por questões genéticas.Acredito que repitam aquilo que tem como normal,se os pais que dizem amá-los os agridem de forma que não gosto nem de lembrar,porque eles não tratariam assim os colegas que tem por amigos.Essa seria a forma de manifestar seus sentimentos e de reagir quando contrariados,que aprenderam por exemplo dos pais e que passam a reproduzir na escola.

“A escola deve ensinar, principalmente, um comportamento racional e autônomo, a discutir e a avaliar as diferentes soluções, contribuindo dessa forma para uma melhor socialização. Deve fugir principalmente da doutrinação.”

Claro que cabe a nós educadores tentar reverter essa situação,construindo junto aos alunos noções mais humanizadas de justiça e igualdade.É difícil no dia-a-dia manter a mesma palavra e cumprir com as combinações.Muitos desistem e acabam deixando as coisas acontecerem o que resulta na continuidade da violência escolar.

“Mesmo sabendo que a educação moral deve favorecer a colaboração, a argumentação, a reciprocidade e o respeito mútuo, torna-se difícil trabalhar com esses elementos dentro de uma relação quando se tem uma criança habituada à obediência heterônoma. Trata-se de um exercício duradouro e que não pode ser implantado de uma hora para outra."

Mas daí penso que a disciplina é um fator muito importante sem a qual não há ordem.Não quero dizer que seja preciso construir verdadeiros robôs como se os alunos fossem protótipos a serem trabalhados.Mas leva-los a refletir sobre suas atitudes,nas outras formas de resolver seus conflitos (internos e externos) e nas conseqüências que podem surgir positivas e negativas.

“Para Fávero (2005, p. 24-25) A criança precisa viver situações em que sua autonomia
seja fatalmente exigida. Um bom exercício é a organização de regras coletivas, que exigirão
entendimento, acordos e aprovação recíproca.A cooperação passa a ser um exercício de
autonomia e são elementos desse exercício o pensar, o expressar, o dialogar, o refletir, entre
outros que respeitem a participação ativa do sujeito ao ser integrado em um sistema de regras.”

Vejo a violência escolar tão exacerbada, como fruto de uma sociedade conturbada,materialista e onde as famílias estão desestruturadas e perdidas no que diz respeito aos valores que devem passar para seus filhos.Se os ensinam a ser “humanos”,solidários e fraternos correm o risco de desprepará-los para o mundo,que está extremamente competitivo e onde o egoísmo é a palavra chave para o sucesso.

“A heteronomia é a etapa do desenvolvimento moral em que são introduzidas normas
sociais à criança. Essas normas são apresentadas pelo adulto e atuam como parâmetros para a criança agir moralmente. Com o decorrer das relações, se incentivada a reflexão, a criança
passará a considerar as regras que conhece e revalidá-las. Entenderá que as regras são arbitrárias e passíveis de negociação.”

Em nossa escola estamos pensando em elaborar um projeto pedagógico para o próximo ano que tenha como objetivo principal justamente trabalhar a questão da violência.Ainda não começamos a faze-lo também por entendermos que despendi tempo,disposição,estudos e concentração para que tenha estratégias positivas e que proporcionem a sua realização.Há sim uma estigmatização,não só por parte dos professores mas dos próprios colegas em relação aos alunos que agem com violência.A maioria não gosta do que vê,passa ou sofre com esses comportamentos e reage com rejeição.Esse já é um grande ponto de partida para iniciar nosso projeto,pois possibilita conversações,debates e reflexões coletivas sobre o assunto e todas suas possibilidades a partir daí.
A família está cada vez mais distante dos filhos,deixando para a escola o papel também,de construir valores e trabalhar com ética e moral.

“Isso é “coisa que deve vir de casa”, da educação familiar? Sem dúvida. Mas também a escola assume esse compromisso. Um ambiente que reúne grupos, que possui relações de respeito e que tem como fundamento à educação tem a necessidade de saber o quanto contribui para o desenvolvimento moral dos seus alunos – pois esse desenvolvimento também é parte da aprendizagem.”

Não adianta reclamarmos,essa é a realidade.Temos que partir dessa e com essa realidade para melhorarmos nossa convivência e se não aceitarmos essa missão corremos o risco de envelhecer a mercê de adultos sem nenhum princípio, nem compaixão nem valores essenciais para uma sociedade justa,igualitária e fraterna.

“O respeito, diferente da obediência, é um sentimento construído nas relações interpessoais e vivenciado inter e intra pessoalmente. A harmonia nas relações favorece o respeito mútuo (ARAÚJO, 1999).”

Temos casos que ainda fogem a todas essas questões que são caracterizados como desvios de conduta ou de comportamento.crianças que sem causa aparente apresentam grande dificuldade em seguir regras,normas de convivência ou de conter seus ímpetos agressivos.Acho que esses sim,são casos preocupantes pois não é tomada nenhuma providência no auxílio desses alunos,não há atendimento especializado disponível ou acessível e os alunos crescem e fortalecem esse lado de suas personalidades,além de os outros colegas que não tem o entendimento de que se trata de algo que precisa de tratamento,acabem por ver suas atitudes como algo sem conseqüências,criando-se uma visão de impunidade e no processo de formação de conhecimentos em que se encontram,acabar sendo absorvido como natural ou normal.

Quando aprendo?

O texto de Serres vem bem de encontro ao meu modo de ver a aprendizagem.Algo que acontece o tempo todo e que é capaz de transformar nossos pensamentos,entendimentos e porque não,comportamentos.Desde que iniciei esse curso,por exemplo já saí da margem direita do rio e mesmo muitas vezes pensando que poderia me afogar ou que não teria força pra continuar nadando ou ainda que o rio é muito fundo,continuei a travessia,impulsionada pela vontade de melhorar e sempre,mas sempre mesmo,auxiliada pelos colegas e demais envolvidos nessa travessia.O texto usa bastante metáforas, e eu adoro escrever utilizando-as.
Hoje mesmo estava pensando sobre essa jornada que vivemos e que com certeza nos possibilitará atravessar outros rios e porque não,oceanos...Quando chamei a professora de senhora,ela disse-me “senhora não,senhora está no céu”.Mas é tão bom voltar a ser aluno,aprender,ampliar a vista do horizonte e ver além dele também.Saber que quanto mais sei,sei que nada sei hehehe quantos mais retalhos tirar mais encontrarei.E no simples ato de chamar uma pessoa de PROFESSOR encontram-se embutidos todos esses sentimentos.
Concordo com as colegas,é um texto bastante romântico.Mas o que é o romantismo se não a livre expressção do amor,e não aprendemos melhor quando gostamos do professor ou do assunto tratado.
E no sair da passividade,optar pelo esforço,encontramos uma educação que precisa ser repensada,revista no sentido do que queremos alcançar com ela.O que buscamos com as aprendizagens que propomos,estamos conseguindo fazer com que nossos alunos dêem o primeiro passo para atravessar o rio...

terça-feira, 9 de junho de 2009

Autismo na sala regular

O autismo realmente é um assunto do qual não tinha nenhum conhecimento.O pouco que sabia era através do filme,em que o menino decifra códigos e mesmo tendo visto o assassinato dos pais,não consegue colaborar pois não se comunica com as outras pessoas.Uma característica marcante do menino do filme e que é citada nos textos lidos,assim como o hábito de girar objetos.Conforme o texto,vejo que são características de um pequeno número de autistas,essas capacidades especiais.
Para Kanner o autismo é uma síndrome que começa bem cedo no sujeito, com a interrupção das relações ,tornando-o por isso tão grave.
Não encontrou relação com o mental ,nem neurológico nem genético mas também não faz associação entre a qualidade do relacionamento familiar com o desenvolvimento do autismo.Estudos mais recentes apresentam o autismo também aparecendo após os três anos de idade.
As discussões em torno do termo,sua concepção,sua classificação dentro da medicina são grandes,mas suas características permeiam todas essas noções.Os autistas apresentam comprometimentos no desenvolvimento,e disso não se pode separar a questão afetiva.Ao estabelecer relações com o mundo e perceber-se nele,primeiro estádio de desenvolvimento cognitivo,acontece uma ruptura que ocasiona alterações nas suas relações interpessoais,dificuldades de comunicação e um comportamento típico com atitudes repetitivas e interesses muito particulares.
Tenho procurado conversar com as colegas sobre as leituras que fazemos nessa interdisciplina,porque acho que através do cotidiano posso compreender melhor o que estou absorvendo.Assim foi que uma colega de inglês relatou ter em aula um aluno autista.pelo relato dela pude constatar alguns sintomas da síndrome,por exemplo,o aluno tem dificuldades de comunicar-se,quando a professora faz a chamada e chama seu nome ele apenas levanta a mão mas nem sequer a cabeça.A professora sempre o procura com o olhar antes de chamar seu nome,porque já sabe que ele não vai responder.O normal numa turma de sétima série é que troquem de lugar a cada aula,porém esse aluno não o faz,sentando sempre no mesmo lugar.Surpreendeu-se muito a professora,agora após três meses de aula, quando ao fazer a chamada buscou com o olhar,não o viu no de sempre e ouviu o aluno repetir seu próprio nome porém sentado em outro lugar. Ela acredita que de tanto ver os colegas fazerem isso o aluno também se encorajou e fez.
Em outra ocasião,a professora chamou-o para ver seu exercício e lhe explicou que deveria colocar o verbo “to be” para completar uma frase e nas demais,colocar o equivalente em outras formas.O aluno colocou na primeira frase e a professora elogiou.Então ele ao sentar-se para continuar a tarefa escreveu em todas os outros exercícios “to be,to be,to be”,repetindo várias vezes uma resposta que acredito lhe pareça seguramente estar correta.
O autismo é muito individual e para cada criança pode apresentar variável no seu desencadeamento,não havendo uma causa específica para essa síndrome.Acho que na sala de aula o mais preocupante em relação ao autismo é a dificuldade de relacionar-se com as outras pessoas,que gera uma grande dificuldade de o aluno não ser excluído.Essa mesma colega me contou também que os colegas ficavam fazendo zombarias com o menino autista,dizendo que ele era assim porque estaria “doidão”, “fuma muita maconha sora!”.Então ela resolveu ter uma conversa com a turma pois já sabia do assunto e ficaram todos muito constrangidos com o comportamento que estavam tendo.Alguns até foram buscar na internet informações sobre
Autismo para compreender melhor.Realmente não basta a professora estar disposta a trabalhar com a inclusão,nem as leis garantirem acesso e permanência dos alunos ,mas escola,pais,enfim toda comunidade escolar precisa estar aberta,num pensamento solidário para com aqueles que tem necessidades especiais. Acredito que essas atitudes só se desenvolvam a partir de melhores informações.

O que é ser índio afinal??

A confusão na determinação do ser índio ao generalizar todos como povo indígena, começa na época dos grandes descobrimentos. Cristóvão Colombo em um desvio de navegação descobre a América pensando ter chegado às Índias.A partir daí chamou-se todos os nativos daqui de índios e/ou indígenas.essa terminologia passou a identificar todos os índios como um único povo,como se todos fossem idênticos em suas culturas,o que não é verdade.
“Na verdade, cada “índio” pertence a um povo, a uma etnia identificada por uma denominação própria”. Existem diversas línguas, costumes, organização social, que os diferenciam, mas que fazem parte da principal característica dos índios que é justamente a diversidade, o respeito às diferentes formas de relacionar-se com o mundo.
“A riqueza da diversidade sociocultural dos povos indígenas representa uma poderosa arma na defesa dos seus direitos e hoje alimenta o orgulho de pertencer a uma cultura própria e de ser brasileiro originário.”
Os índios já tinham sociedades organizadas e bem sucedidas,com sistemas econômicos e políticos funcionais antes da chegada dos colonizadores europeus e também como as sociedades européias,tem sua diversidade conforme o grupo a que pertencem.As características físicas contribuem para uma generalização etnológica,através dos traços as civilizações posteriores que aqui chegaram continuam identificando os índios como um povo único,com características sócio culturais também únicas.Na busca de uma dominação e de apossar-se do território,os colonizadores europeus depararam-se com nativos dispostos,por sua grande ligação com o território,a lutar por suas terras e então passam a buscar a dominação através de mudanças culturais,na tão famosa “catequização”,proíbem os índios de falarem suas línguas,obrigando-os a aprenderem o português.Por não conhecerem as armas de fogo,são expulsos de suas terras em verdadeiros massacres que atendiam a interesses econômicos.O que se aprendia na escola (ou se aprende?),eu pelo menos lembro,é a parte extraordinária da cultura indígena,no que diz respeito à pintura do corpo,rituais,danças,vestuário,principalmente às lendas e a ligação com a natureza,tudo isso como se os índios fossem todos idênticos e seguissem à risca os mesmos padrões sócio culturais.
Assim com o passar do tempo foi se reforçando a idéia de que ser índio é viver em berço esplêndido,aproveitando os deleites da natureza,como se tudo lhes fosse dado de “mão beijada”,tratando-os como preguiçosos e incapazes de trabalhar,de viver civilizadamente.Ou então são apresentados como seres quase míticos,que vivem a fazer feitiçarias e rituais nas florestas brasileiras.A organização tradicional dos índios onde existem os amigos e os inimigos,não existindo meio termo,que os levou a travarem batalhas entre suas tribos,ou grupos,está sendo trocada pela necessidade que perceberam de organizarem-se na busca pela sobrevivência de seus povos e de suas culturas,de suas identidades.É um processo longo e lento,mas já acontece.Os índios têm seus movimentos organizados,politicamente tem apoio (mesmo que sirvam a alguns interesses particulares) para apresentar seus representantes e falar de seus interesses comuns.Todos sofreram com a colonização européia e todos têm direito a preservar sua história,sua identidade e sua organização sócio cultural.
Acredito que a melhor forma para desfazer os pré-conceitos que ainda existem é o esclarecimento,a multiplicação desses saber,de que os índios não são um povo único que pode ser generalizado.Ao contrário é riquíssimo em sua diversidade,capaz de viver em sociedade organizada e produtivamente. A chamada sociedade civilizada é que tem que aprender a conviver e respeitar a diversidade sem a qual não existe identidade.É preciso tomar cuidado pois atendendo a interesses políticos,reforçados por uma propaganda massificadora,podemos nós também,estarmos sendo colonizados,ao pensarmos que só o padrão de referência estereotipado e apresentado como de excelência é que é bom.Assim quem sabe perdendo nossa capacidade de analisar, criticar,e de formar nossa própria identidade.Através da educação podemos contribuir para desmistificar esses estereótipos feitos aos índios,mostrando a diversidade cultural que existe,e trabalhando com a importância das diferenças numa sociedade e do respeito à diversidade.
“A interculturalidade é uma prática de vida que pressupõe a possibilidade de convivência e coexistência entre culturas e identidades.Sua base é o diálogo entre diferentes, que se faz presente por meio de diversas linguagens e expressões culturais, visando à superação da intolerância e da violência entre indivíduos e grupos sociais culturalmente distintos.”

Reflexões sobre a cultura indígena na prática pedagógica

Quando fui preparar a prática me dei conta que eu pouco sabia para falar da diversidade que existe na cultura indígena.Ano após ano,passamos estudando,enquanto educandos as mesmas teses sobre a vida dos índios,que são seres quase míticos,que vivem na floresta como selvagens,e que pelo que aprendemos todos os povos tem os mesmos costumes e vivem sobre a mesma organização sócio cultural.Quando comecei a ensinar para quarta série,passei a me preocupar com essa questão pois tinha que falar sobre os primeiros habitantes do RS e os alunos acima da idade;série já não se interessavam em pintar o rosto e sair imitando o velho modelo de índio que trazia.Foi a partir daí que percebi o quanto estava enganada em minhas conclusões sobre a vida indígena,e quantos e quantos anos ensinei da mesma forma que aprendi,além de tratar do assunto somente no “dia do índio”.Procurei fazer uma pesquisa e reuni todo material que tinha em mãos buscando formular uma aula que desse início a essa mudança de concepção.
Quando reuni o material referencial teórico para elaborar a aula,fui constatando a riqueza e a enorme diversidade que existe dentro do povo indígena.Começando pela questão da denominação de índios,que passei a explicar para meus alunos de onde havia surgido.Tentei mostrar a eles diversas tribos,com suas organizações,seus rituais e também chamar a atenção para os motivos pelos quais muitos índios vem para a cidade e tentam sobreviver aqui.Trabalhando no que sabem fazer,procuram honestamente manter suas famílias,como a família de Daniel Munduruku.E que em nossa cidade encontramos muitos índios vendendo artesanato,na maioria expulsa de suas terras por desapropriação e outros tantos obrigados a procurar sustento no trabalho urbano pois o desmatamento acabou com seus recursos naturais.Tentei leva-los a conclusão após debates e apresentação de materiais,de que não é porque os índios estão ali na rua vendendo artesanato ou moram em casebres muitas vezes na beira da estrada,que são vagabundos ou bandidos.Também coloquei a luta do Marechal Rondon em prol do respeito ao modo de vida dos índios,e as suas terras para mostrar que já há muito tempo há pessoas que se preocupam com o extermínio das diversas culturas indígenas e do povo indígena,porque são eles realmente os primeiros habitantes dessas terras em que hoje vivemos “por direito”.Além disso,acredito ser importante mostrar que existem verdadeiros heróis que lutam pela humanidade,e não só aquele que eles vem no dia-a-dia,os patrões do tráfico,que há outras pessoas para servirem de referencial e de exemplo,para admirarmos.
Tive muita vontade de conhecer e principalmente de levar os alunos para visitar uma aldeia aqui em Porto Alegre.Como só estou começando a tratar desse assunto,ainda buscarei alternativas para concretizar essa vontade.O resultado com os alunos foi muito gratificante.Pude perceber o quanto eles entenderam a mensagem que quis transmitir através das produções textuais livres.Pedi que escrevessem do que tinham aprendido aquilo que mais significou.E alguns expressaram vontade de conhecer as aldeias,de ver de perto como vivem os índios,aprender sobre sua cultura,e principalmente que ser índio não é só pintar a “cara” e dançar,mas que eles sabem “um monte” de coisas que nós não sabemos.Também fiquei satisfeita com a maioria escrevendo que não é porque eles vivem diferentemente de nós que não são pessoas boas,e que precisamos respeitar aqueles que são diferentes.

sábado, 30 de maio de 2009

Projetos de aprendizagem

Todo ser humano que busca algum objetivo na vida, seja em qual área for se organiza em forma de projetos. Muitas vezes fazemos os projetos mentalmente,prevendo o resultado que poderemos alcançar através da programação de etapas que pretendemos seguir.No caso dos projetos de aprendizagem seguimos os mesmos princípios,quando temos algo em vista para,um objetivo de aprendizagem que queremos desenvolver com nossos alunos.A partir daí,pensamos em etapas,métodos e resultados organizando a construção progressiva dos conhecimentos.Acredito que no cotidiano elaboramos diversos pequenos projetos,no sentido de tempo,mesmo que não os coloquemos no papel.
Entendo o projeto como algo mais amplo, que vise uma construção maior, envolvendo mais tempo, pesquisas, dedicação e interesse.
Esses seriam os projetos de ensino, onde nós escolhemos os assuntos e os solicitamos aos alunos. Quando estava cursando o ensino fundamental,chamávamos esse tipo de projeto de trabalho de pesquisa.Lembro quantas vezes fomos para a biblioteca,individualmente ou em grupo realizar as pesquisas que os professores pediam.Depois fazíamos o resumo do que tínhamos entendido e escolhíamos aquele que tinha a letra mais bonita para passar a limpo e entregar com uma capa belíssima para a professora.Na maioria das vezes ainda tinha o grande dia da apresentação oral para os colegas,onde cada grupo procurava esmerar-se mais que o outro.Realmente é uma recordação muito prazerosa.Hoje em dia não se percebe esse interesse,pelo menos na maioria deles.Muitos estão na escola por causa da bolsa escola,obrigados pelos pais a freqüentarem a aula para não perderem o benefício.Falo aqui da realidade que vivo em minha escola.Qualquer trabalho de pesquisa fica dificultado porque no turno inverso eles estão no SASE ou no Mais Educação,projetos do Governo que proporciona mais uma bolsa.
Ou então não podem sair por causa da violência, por exemplo, na vila que atendemos que está em guerrilha interna, disputa pelo tráfico.
Claro, poderia se pensar que sou pessimista. Mas eu me vejo realista.Numa visão Piagetiana,os projetos de aprendizagem teriam mais sentido para os alunos,talvez assim poderiam demonstrar mais interesse.Só o fator de estimular a escolher um tema já indica que tenhamos confiança em seus conhecimentos prévios.Para os alunos poderia sugerir que o professor valoriza e aceita aquilo que para eles tem importância ou que significa saberes.Algo que estimule a vontade de aprender sobre,a curiosidade em buscar informações e além disso os desafios que surgirão para a conclusão do projeto servirão de incentivo para aumentar os conhecimentos.Na construção das etapas os alunos poderão contrastar e até contrapor o que sabiam sobre o assunto escolhido com o que descobrirão,e assim construir novas aprendizagens.
Fiz um projeto de aprendizagem no ano passado que tratava sobre a consciência negra, a cultura afro brasileira. O assunto foi sugerido pela turma que concluiu saber pouco sobre o tema.Cada grupo selecionou um aspecto para pesquisar e as apresentações foram maravilhosas.Trouxeram artes,história,geografia,música,teatro,linguagem.Mas o mais interessante foi que o resultado apareceu agora que eles estão na quinta série,porque a professora de história ficou impressionada com a diferença dos conhecimentos apresentados por essa turma quando ela tratava da “imigração” africana para o |Brasil.Foi bastante compensador.
Dentro de nosso curso os Pas permitem uma constante troca de informações e conhecimentos, onde são valorizados os saberes e habilidades que cada um de nós traz previamente, como fonte de enriquecimento coletivo, possibilitando um grande entrelace de aprendizagens. Demonstra assim o respeito por nossas experiências,a perspectiva de que através de nossas trocas com os colegas do próprio grupo e os de outros grupos aconteça uma grande integração,onde a busca de novas informações,na conjunta construção de soluções para as questões surgidas indicam a crença de crescimento mútuo pela própria troca dessas experiências.É importante também a questão humana,pois estamos todos envolvidos pelo trabalho,querendo aprender mais sobre um tema que realmente nos interessa,sobre o qual talvez sempre tivemos vontade de conhecer mais e não pudemos faze-lo por “n” motivos.Um vai estar em auxílio do outro,numa cooperação entrelaçada por um objetivo comum mas principalmente pelo sentimento de solidariedade onde todos querem o sucesso de todos,com respeito a divergência de idéias e diferenças nas aprendizagens.

quinta-feira, 28 de maio de 2009

civilização X barbarie X educação

Lembrei de um fato ocorrido em minha escola essa semana: um grupo de alunos de séries diferentes resolveu “organizar” um “bonde”.Um bonde era inicialmente, um movimento onde várias pessoas se agrupam para dançar e cantar o funk brasileiro.Agora os bondes são utilizados para agredir-se mutuamente,pois um bonde ataca o outro,num confronto/disputa nos bailes funkes. Os alunos da minha escola resolveram reproduzir a violência dos bondes,porém de uma forma muito mais cruel:eles esperavam um aluno passar no corredor entre os pavilhões que eles chamam de “beco” reproduzindo a realidade em que vivem na vila,e aí atacam esse aluno,o grupo todo,em socos,pontapés e o que der.Dando seqüência a leitura do texto vi que Adorno já falava na possibilidade desses movimentos sob uma outra forma,e que da mesma forma como ele relata hoje vemos os arrastões,as gangues e os ataques das torcidas “organizadas”.É um assunto com certeza muito profundo pois exige análise de muitos fatores.Em alguns casos se poderia dizer que as atitudes desses jovens são reproduções do meio violento em que vivem.Mas porque ,se não lhes agrada,reproduzem essa violência?O que os leva a esse comportamento massificado para a crueldade para com outros seres humanos?No caso do nazismo,a violência tinha uma intenção,afinal africanos,poloneses,tchecos e outros europeus foram consideradas raças inferiores que precisavam ser dominadas e os judeus e ciganos raças que deveriam ser eliminadas.Assim ocorreu o massacre de seis milhões de judeus.Que fique bem claro,não concordo com essa idéia nem com as atitudes,apenas tento iniciar uma compreensão dos fatos.Dessa forma o próprio Hitler acreditava estar fazendo o que era certo.Outras formas de violência e crueldade acontecem todos os dias em culturas consideradas civilizadas.desde o tempo da escravidão dos negros africanos que se perpetua numa tortura histórica e permanente através do preconceito e do racismo,às próprias crueldades que vieram à tona com os dalits por causa da novela do momento,as mães chinesas que são obrigadas a abortar seus bebês se forem meninas e já tiverem uma na família...Não são assim também formas de barbárie?E em todos os casos as barbáries provem de pessoas consideradas civis,cidadãos e portanto civilizados,algumas vezes porque as pessoas acreditam que faz parte de sua cultura.Para sermos considerados civilizados é preciso saber viver em sociedade,conviver com os outros,respeitar as regras definidas coletivamente.Então porque essas pessoas agem com tanta frieza desrespeitando o principio ético primordial,da valorização da vida?As pessoas que seguem o nazismo,os bondes e todos outros tipos de violência em massa não enxergam semelhantes mas coisas e talvez se sintam também objetos e podem assim,ser manipulados por outros.Poderia dizer que “Freud explica” com a superposição do id,que não conhece barreiras e se extrapola em violência. Mas e a resignação coletiva,que atende ordens e orientações de um líder completamente bárbaro e cruel,de onde provem,como se instala,como o indivíduo se torna parte disso? “A sublimação pode não ser alcançada e em seu lugar surgir uma perversão social ou coletiva,uma loucura social ou coletiva.” ¹Se os que cometem esses tipos de crimes consideram os que são vítimas como os próprios bárbaros,onde está à compreensão de certo e errado que a sociedade civilizatória nos impõe?Penso que essas pessoas delegam poder a determinado líder por quererem elas serem o próprio líder,porque desprezam a liberdade e a trocam por algo que lhes interesse,nem que seja o poder de dominar.Hitler por exemplo,foi eleito em eleições livres e diretas,para depois dar o golpe nazista e ofereceu para ser eleito à salvação da classe média e da burguesia de uma possível revolução dos operários.Essa é a natureza do ser humano,agir por interesses,com egoísmo vamos utilizando as pessoas e coisas para atender aos nossos desejos.As pessoas vivem constantemente oprimidas na sociedade,pelos princípios éticos,pela qualidade ou pelo modo de vida que são obrigadas a levar,pelas regras que funcionam só para uns,a competitividade exacerbada de uma sociedade que vive pelo ter e não pelo ser,provocada e alimentada por propagandas e uso de meios de comunicação em massa.Esses meio que desvalorizam o refletir,o pensamento crítico,a busca de informações,que desinformam ou transmitem as informações de acordo com os interesses de seus proprietários e de seus interesses econômicos e/ou políticos.Só podemos participar de discussões e decisões políticas se possuirmos informações corretas sobre aquilo que vamos discutir.Todos nós temos uma consciência,a forma própria como vemos,percebemos e valorizamos o que está a nossa volta.Essa consciência desenvolve-se conjuntamente com nossas experiências de vida,é própria,individual e particular.Então a educação em seu sentido mais profundo,formar cidadãos críticos,autônomos e livres tem real importância e valor na formação dessa consciência.Do jeito que nossa sociedade se encaminha não podemos mais negar nossa participação e nem tão pouco querer continuar vivendo de uma visão conteúdista que até cabia quando na nossa cultura as famílias eram “bem estruturadas” e possibilitavam as crianças desde cedo,em sua maioria,aprender valores éticos e nos traziam com sua afetividade a sensação de sermos amados e respeitados pelo que somos.Hoje em dia cada vez mais as famílias estão desestruturadas e aquelas que ainda se mantém criam mecanismos de defesa que muitas vezes fogem à moralidade.Gostemos ou não,temos grande participação na tentativa de evitar novos Auschwtiz porque através da educação para a liberdade de escolha,mostrando por um trabalho que desenvolva a capacidade crítica ao máximo possível das alternativas,do que pode ser certo e errado,da valorização da vida podemos ajudar a formar cidadãos autônomos.Cidadãos esses que não se deixem submeter sem questionar,que tenham responsabilidade por seus atos e que não aceite qualquer tipo de violência contra si ou contra seus semelhantes,enfim que desenvolvam suas próprias regras de conduta e as sigam.A educação reflexiva pode proporcionar essa visão humanizada de nós ‘seres humanos,’o que as pessoas envolvidas nos tipos de crueldade e violência que tanto nos afligem parecem não ter.Quando conversamos com os jovens envolvidos no acontecimento do bonde,alguns culparam os colegas,outros disseram apenas estar acompanhando outro e até disseram que estavam de “arreganho” (brincadeira) como se o aluno agredido não sentisse dor ou não tivesse direito de não querer ser agredido.Acredito firmemente que nossa escola precisa urgentemente rever seus conceitos,no que baseia seu currículo e que objetivos pretende com ele.Porque vejo a cada dia mais e mais alunos sem capacidade de discernimento,querendo extrapolar e externar uma pressão que sofrem em algum aspecto de suas vidas e que a maioria dos professores não oferece outra coisa se não mais e mais repressão,como se a forma de terminar com esse problema fosse simplesmente “conter os alunos” em aula.De nada adianta ficarmos no discurso de que quem tem que dar princípios é a família,se sabemos que ela já não o faz mais em muitos casos e que a educação oferecida na escola seja possivelmente também para muitos casos,a única oportunidade de aprenderem a exercer sua autonomia,conhecerem a afetividade e serem livres para fazerem suas escolhas.

estadios de desenvolvimento segundo Piaget

Estádios do desenvolvimento segundo Piaget
Estádio sensório motor – 0 a 2 anos
Representa a conquista,através da percepção e dos movimentos, de todo o universo prático que cerca a criança.
Tem três estágios:O dos reflexos, o da organização das percepções e hábitos e o da inteligência sensoro motor propriamente dita.
• Construção de esquemas para assimilar o meio;
• Inteligência prática até o aparecimento da linguagem;
• Noções de tempo e espaço construídas pela ação;
• Contato com o meio direto e imediato;
• O sujeito não se conhece nem como fonte de suas ações;
• Começa a se conhecer como fonte de suas ações ou mesmo senhor de seus movimentos,fazendo uma reação circular onde o exercício em lugar de se repetir, incorpora novos elementos, constituindo com eles totalidades organizadas mais amplas, por diferenciações progressivas.Basta que os movimentos atinjam a um resultado interessante para que o sujeito reproduza logo esses movimentos.
• Tendências instintivas;
• Acontecem processos como construções de categorias o objeto e do espaço, da causalidade e do tempo,como ação pura e não como noções de pensamento.
Estádio pré-operatório - 2 a 7 anos
Desdobra-se em dois períodos:simbólico e intuitivo , suplementando a lógica pelo mecanismo da intuição.A característica das intuições primárias é a rigidez e a irreversibilidade.Acontecem novidades afetivas como o desenvolvimento dos sentimentos interindividuais,aparição dos sentimentos morais intuitivos e as regularizações de interesses e valores.
• Período simbólico, a função simbólica se manifesta sob formas distintas – imitação deferida,desenho,imagem mental,jogo simbólico,sonhos e devaneios;
• Pensamento egocêntrico,não é capaz de lidar com idéias diferentes das suas em relação a um determinado tema, permanece inconscientemente centralizado em si mesmo;
• Aparecimento da linguagem através da capacidade de pensar;
• Começa a representação da realidade;
• A socialização das ações,aparição do pensamento propriamente dito,tendo como base a linguagem interior e o sistema de signos;
• A criança não fala só as outras,fala-se a si própria em monólogos variados;
• Não aceita a idéia do acaso,fase dos “porquês”;
• Se deixa levar por aparências,sem relacionar fatos.
Estádio operatório concreto – 7 a 12 anos
Aqui as discussões tornam-se possíveis,porque comportam compreensão a respeito dos pontos de vista do adversário e procura de justificações ou provas para a afirmação própria.Ao coordenar as articulações e retroações chegam a uma reversibilidade suscetível de trazer retrospectivamente o curso do tempo e garantir a conservação dos pontos de partida.É a passagem da intuição a lógica.
• Conversão do egocentrismo primitivo, tornando-se capaz de novas coordenações, que serão da maior importância,tanto para a inteligência quanto para a afetividade.
• Para a inteligência trata-se do início da construção lógica;conquistas do pensamento de tempo,da causalidade,de conservação e esquemas gerais do pensamento;
• Explicações por identificação;
Estádio operatório formal – a partir de 11 a 12 anos
O sujeito terá à disposição instrumentos oriundos do plano das possibilidades, os quais permitem estabelecer relações entre teorias, produzindo nelas transformações. As construções operatório-formais oferecem “uma teoria das relações entre si. A inteligência operatório-formal, ao contrário, cria um mundo de possibilidades de cujo conjunto o real é apenas um setor limitado. O operatório-formal permite trabalhar com o pensamento hipotético-dedutivo e estabelecer relações entre diferentes teorias.
• As operações lógicas começam a ser transpostas do plano de manipulação concreta para o das idéias,expressas em linguagem qualquer mas sem o apoio da percepção,da experiência,nem mesmo da crença;
• Livre atividade da reflexão espontânea;
• Abstração;
• Idade metafísica:o eu é forte bastante para reconstruir o Universo e suficientemente grande para incorporá-lo;
• O adolescente graças a usa personalidade em formação,coloca-se em igualdade com seus mais velhos,mas sentindo-se outro,diferente deles,pela vida nova que o agita,quer transformar o mundo;
• O conhecimento ultrapassa o próprio real para inserir-se no possível e para relacionar diretamente o possível ao necessário sem a mediação indispensável do concreto.

Referências bibliográficas
• Piaget,Jean. Seis estudos de psicologia. Rio de Janeiro: Forense, 1986.
• ___________.A epistemologia genética.Rio de Janeiro:Vozes,1973.
• Elkind,David. Desenvolvimento e educação da criança.Rio de Janeiro:Zahar,1978.

valores éticos

Temos capacidade por conta de nossa consciência para refletir diante de situações e conflitos como esse do professor que aparece no filme “O clube do imperador”, escolhendo uma opção após pesarmos bem nossas motivações pessoais e até que ponto é válido transgredirmos as regras pré-estabelecidas. Digo isso porque me vi no papel do professor,quantas vezes pensei em dar aquele “décimo” para completar uma nota e aprovar algum aluno com base na minha compreensão de que determinado aluno pelo seu esforço já seria merecedor.mas e os onde está a verdadeira aprendizagem desse aluno?E os outros que conseguiram alcançar os objetivos? No que contribuo para o crescimento de um aluno se o ajudo a vencer etapas em que ele não está realmente preparado para passar?A decisão do professor avaliada friamente, como manda a moral, embora carregada de boa intenção, na verdade não foi correta. O professor tomou sua decisão impelido pelo instinto,pelo sentimento e não pela razão.Faltou com a justiça em relação aos outros alunos que tanto esforçaram-se ,desconsiderando seu mérito em detrimento daquele aluno.Falhou na verdade quando escondeu sua decisão e alterou uma avaliação e aqui entra também a questão da honestidade.Agindo dessa forma não foi imparcial e tomou a defesa de um determinado aluno e analisando talvez o reflexo dessa decisão no caráter do aluno mas não percebeu que ele não tinha a dignidade necessariamente desenvolvida para prosseguir se esforçando.

terminologia em necessidades especiais

A discussão sobre a terminologia a ser empregada para denominar os alunos com necessidades educacionais especiais é importante e perpassa os documentos legais que tratam do assunto.É importante porque facilitará o trabalho para a inclusão desses alunos,auxiliando no direcionamento comum de esforços ao se definir quem realmente precisa de atendimento especializado.
Outra atitude valiosa é o estudo de como e de quais modificações e/ou ajustes é passível o currículo escolar para melhorar a educação especial.
A bem da verdade a educação especial está presente nas políticas públicas relacionadas á educação,mas de fato ainda está longe de ser algo concreto.Conheço escolas que inclusive tem cadeirantes e não tem ainda acesso para eles.A verba que é repassada a uma dessas escolas é de trezentos reais (segundo a diretora) e mal dá para a merenda.Os professores precisam compreender que a preparação para melhorar a inclusão dos alunos com necessidades especiais parte deles (de nós) mesmos e não está mais restrita á algum profissional específico ou mais “qualificado” para a função.
O acesso sob forma de matrícula está garantido e acontece realmente,o que ainda falta é melhor preparo das escolas para proporcionar aos alunos com necessidades educacionais especiais que se sintam inseridos,participantes e possam desenvolver plenamente suas capacidades.
A verba que vem do governo federal, por exemplo,na minha escola é utilizada para projetos que visam a maior aprovação e também a permanência dos alunos em turno integral na escola.Enquanto isso as salas de aula regulares vão dia após dia sofrendo com a pressão em que convivem alunos e professores.Os alunos por serem evidentemente excluídos,quer no trato, quer no aprendizado e os professores por não terem apoio nem condições de trabalharem para incluir os alunos com necessidades.Assim cotidianamente vivem uma rotina de inadequação e insatisfação,pois não tem condições para vivenciar o contrário.
Mas como destinar uma verba maior ou específica porcentagem desta para a melhoria das condições de permanência se não existem dados que comprovem o número expressivo de alunos com necessidades educacionais especiais nas escolas,pois não é feito um levantamento das matrículas desses alunos.Aqui volto ao tema inicial,a discussão acerca de quem pode ser considerado como aluno com necessidades educacionais especiais,no que as escolas ainda não o fazem,talvez por ser algo que cause polêmica e que não esteja bem definido,já que as próprias leis e documentos sobre a educação especial ainda usem termos diferentes ou sem uma adequada definição.

quinta-feira, 30 de abril de 2009

idade X desenvolvimento

Não creio que a idade seja um critério suficiente para determinar o período do desenvolvimento intelectual que uma criança se encontre.Concordo com David Elkind quando diz que o termo estágio,no uso empregado por Piaget ,designa um modo de comportamento numa seqüência necessária de comportamentos que está relacionada com a idade mas não é pó ela determinada. Mas existem fatores que podem interferir nesse desenvolvimento,dissociando suas características da idade própria.Por exemplo,deficiências e transtornos mentais,problemas psicológicos,emocionais ou do meio e até falta de estímulo.Em minha sala de aula tenho alguns alunos que não estão por exemplo no estágio acima citado,embora tenham entre oito e onze anos.
Cada criança é única e embora os estágios sirvam de referência para observarmos não são uma generalidade,no entanto nos permitem ao observarmos algo fora do desenvolvimento regular de cada estágio a auxiliar aqueles que estiverem precisando e trabalhar com suas capacidades e limitações.

quinta-feira, 23 de abril de 2009

Garantido tanto pela LDBE – 96 como pela Resolução CNE/CEB – 2001 o serviço especializado é existente na escola,através da Sala de Recursos,mesmo os alunos com NE freqüentando a aula comum.Tem-se consciência da garantia em Lei de se poder fazer um currículo que contemple inclusive avaliações específicas para esses alunos,com métodos e técnicas de ensino apropriadas,porém, efetivamente não acontece.Os alunos freqüentando a classe comum são atendidos como os demais alunos e também assim avaliados.Esse ano percebo um grande avanço nesse sentido,no meu ponto de vista isso aconteceu porque a professora da SIR estava envolvida com o projeto “Mais educação” no ano passado,assim que chegou à escola.Esse ano tendo mais tempo e disponibilidade tem-se dedicado ao auxílio das professoras das séries iniciais no sentido de construir esses mecanismos de apoio aos alunos com NE,já que na escola por exemplo, temos uma turma com 19 alunos onde 12 foram diagnosticados (mesmo sem laudo médico) como especiais,já não estando distribuídos nas turmas e sim aglomerados na mesma sala .Também o caso de um aluno que coloquei no Dossiê,com 16 anos na quarta série e após várias repetências,esse ano foi encaminhado ao COPA,serviço de atendimento especializado aos portadores de NE.Esse é um dos órgãos que oferece educação especial para o trabalho, visando a sua efetiva integração na vida em sociedade, inclusive condições adequadas para os que não revelarem capacidade de inserção no trabalho competitivo, mediante articulação com os órgãos oficiais afins, bem como para aqueles que apresentam uma habilidade superior nas áreas artística,intelectual ou psicomotora;assim como o CAZON.
Em conversa cotidiana com os colegas,posso concluir que não se sentem capacitados para a integração desses educandos nas classes comuns,pelo contrário,sofrem a angústia de não saber o que fazer ou como agir,mas também não procuram fazer uso dos direitos assegurados na Leis.
A matrícula é garantida aos alunos com NE e isso realmente acontece na escola,até porque as vagas são via SEC,assim já chegam com a freqüência garantida.Realmente fica a critério da escola organizar-se para atender esses alunos,o que não acontece naturalmente.Essa organização tem sido lenta,posso dizer isso porque estou nessa escola há quinze anos e só agora vejo alguma atitude em prol dos alunos com NE,mas principalmente de tanto os professores pedirem auxílio e reclamarem.
Tem-se na escola também uma Sala de Altas Habilidades,que desenvolve um trabalho maravilhoso,porém não era muito bem aceita até então porque os professores consideram mais necessário o atendimento aos alunos com dificuldades de aprendizagem,que é em número muito maior,como já foi citado chegando às vezes a ser a maioria da turma.Então mesmo correndo riscos a SAH é utilizada para auxiliar nos desvios de comportamento também ,o que na escola acontece em grande proporção,principalmente na questão da violência.
Não se vê o apoio dos órgãos estaduais,nem municipais de saúde que deveriam por Lei estar dando assistência.Nos órgãos relacionados à saúde é muito difícil conseguir atendimento,nos postos de saúde,nos hospitais públicos os pais reclamam da demora e da espera por uma simples ficha muitas vezes de triagem.
A escola não tem alunos com deficiência mental ou com graves deficiências múltiplas,nem com necessidades especiais físicas.Não sei se por não haver no entorno ou por ignorância dos pais em seus direitos à escola.Mas a escola possui rampas de acesso nas passarelas,na entrada e nos banheiros e alguns desses são adaptados.

terça-feira, 21 de abril de 2009

Fórum pela Inclusão Escolar
Foi lendo o livro que foi elaborado a partir do Ciclo de Debates Inclusão Escolar:práticas e teorias,ciclo esse realizado em 2008 em Porto Alegre,que percebi as tentativas de nossa cidade em avançar na inclusão escolar.Foram criados os Laboratórios de Aprendizagem,as salas de Recurso,as Turmas de progressão,o sistema de ensino por ciclos,todos aplicações na tentativa de constituir uma escola verdadeiramente inclusiva.Quando o município se articulava nesse propósito o MEC propôs transformar as escolas especiais em centros de atendimento .Aí foi de suma importância à atuação da comunidade escolar envolvida na inclusão,através da realização de muitos encontros,passeatas,documentos e outras formas de contestação onde conseguiram reverter a proposta do MEC e retirar de seu texto de políticas para a educação especial a transformação das escolas em centros.Pelo que entendi foi a partir daí,que sentindo a necessidade de unir forças,de criar elos que surgiu o Fórum Municipal pela Inclusão Escolar,onde se discute o tema gerador e se troca experiências em busca de políticas que causem melhoria da inclusão nas escolas do município .O primeiro Fórum aconteceu ano passado,2008 com a participação de diferentes instituições e pessoas e após um Ciclo de Debates sobre a inclusão escolar.esse Fórum é composto pela Comissão de Educação,Cultura,Esporte e Juventude da Camara Municipal de porto Alegre (CECE),SMED,1ª CRE ,Associação de Trabalhadores em Educação (ATEMPA),Conselho Municipal dos Direitos das Pessoas com Deficiência,representantes da Sala de Integração e Recursos (SIRs) da SMED,dos professores e pais dos alunos de Escolas Especiais.
São ações do Fórum pela Inclusão Escolar:reuniões mensais;organização do Ciclo de Debates e Encontro de Pais;propor,sistematizar e encaminhar as deliberações coletivas surgidas nos diferentes espaços de discussão.O Ciclo de Debates tem como proposição o diálogo e o aprofundamento teórico a respeito do inclusão de alunos com deficiência nas Escolas Regulares e Especiais.
Com o tema: Inclusão Escolar –Práticas e Teorias, o Ciclo se constituiu num conjunto de relatos de experiências ,considerações teóricas e debates entre os relatores e o público,num total de cinco encontros ao longo deste ano,todos sobre os desafios propostos pela Inclusão Escolar.
Forma feitos os seguintes relatos ,nessa ordem:
De professores que atum nas Salas de Integração e Recursos do Município de Porto Alegre e da Escola Regular,apontando as conquistas e dificuldades encontradas nesse processo.
Da Educação Infantil e da EJA também implicados com a inclusão escolar.
Das assessorias da SMED apresentando um pouco da trajetória e organização institucional.
As Escolas Especiais do Município,a Escola Bilíngüe e um representante do segmento de pais contribuíram com seus relatos,experiências e considerações sobre suas trajetórias ,alternativas e desafios para acolher e garantir atendimento aos seus alunos.
Os professores das Universidades contribuíram teoricamente aceitando o desafio de dialogar com os profissionais das diversas escolas ,suas famílias e todos os interessados.
Todos os relatos foram acompanhados por uma reflexão teórica proposta por um debatedor convidado.

“Desta forma fazemos um registro de um marco importante na história da educação em nossa cidade,pautados na ação e reflexão de práticas pedagógicas que fazem da diferença pontos de partida para a construção do conhecimento.” Rejane Caspani Dubois (coordenadora do Fórum pela Inclusão Escolar)

Referência bibliográfica:
Inclusão Escolar:práticas e teorias / organizadoras Isabel Letícia Medeiros,Salete Campos de Moraes & Magali Dias e Souza – Porto Alegre:Redes Editora,2008.

sábado, 11 de abril de 2009

Pude perceber que todos nós temos uma preocupação em comum:garantir a aprendizagem dos alunos especiais.Ou seja,a lei existe mas não basta tê-la,ela só garante a inclusão e também não basta só a gente acolher essas crianças.No meu entendimento o ideal seria que nós trabalhássemos em conjunto com especialistas e tivéssemos recursos necessários.Mas o que sinto é que não temos apoio por parte da secretaria de educação,já que não vivemos uma política transparente ,em se tratando de nosso Estado.Nossas escolas estaduais,que é a realidade na qual atuo,não dispõem de autonomia suficiente para tomar atitudes em que possam definir as prioridades em relação à inclusão.Por exemplo quando se abriu uma sala de recursos na minha escola,achei que teríamos uma orientação e poderíamos juntos aprender a melhor forma de proporcionar aprendizagem aos alunos com necessidades especiais.Mas segundo a SEC para ter acompanhamento na Sala,o aluno precisa de um laudo.E mais uma vê digo:quem diz que os pais têm?Culpa deles?Então se vocês acham, isso tentem conseguir uma consulta num posto do SUS...Aí,sem laudos,a nossa escola,mesmo cheia de casos de inclusão teve a sua professora da sala de recursos “dividida” com outras escolas do entorno,nos sobrando pouquíssimo tempo para os nossos alunos.É uma completa incoerência.Acaba sendo muita carga emocional para um professor,afinal a gente sempre se envolve e quer fazer o melhor pelos alunos,esbarrando na burocracia entre outros fatores,que acabam impedindo que o que está garantido por lei,se torne efetivo.E ainda temos que ouvir que ou não temos boa vontade ou estamos com medo!
“Um governo ou uma escola que dizem promover a inclusão e não destinam verbas a ajudas técnicas,à compra de materiais adequados ou a alterações arquitetônicas para criar acessibilidade não estão pensando em inclusão.” Claudia Werneck